Entenda como a ‘viagem’ da fumaça provocada pelas queimadas no Pantanal pode prejudicar outras regiões do país

O Pantanal é, até o momento, o bioma com maior crescimento no número de focos de incêndio registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os registros aumentaram 219% de janeiro à primeira quinzena de setembro, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Na Amazônia o crescimento foi de 86% e no Cerrado […]

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O Pantanal é, até o momento, o bioma com maior crescimento no número de focos de incêndio registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os registros aumentaram 219% de janeiro à primeira quinzena de setembro, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Na Amazônia o crescimento foi de 86% e no Cerrado 9,21%.

As partículas geradas pelos incêndios são mais visíveis em regiões próximas ao foco, mas a fumaça pode atingir diversas partes do país. Como consequência, esses locais podem registrar coloração diferente no céu – alaranjado ou preto – e até chuva em tons escuros.

Somado à poluição das queimadas, o meteorologista do Inmet Francisco de Assis, afirma que a poluição causada pelos automóveis e fábricas, além da poeira em suspensão contribuiu para o “céu preto” em regiões que há meses não veem chuva.

A fumaça é carregada por meio dos ventos, principalmente no Verão, quando as massas de ar costumam levar umidade às regiões sul e sudeste, conforme explica o professor do Departamento de Ciências Ambientais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Nilton Évora do Rosário.

Segundo ele, o fenômeno de transportar as massas de ar é conhecido como “rios voadores” e leva o que existe na atmosfera. Apesar de ser depositada ao longo do tempo, a fumaça do Pantanal e do Cerrado pode chegar até a África e o Atlântico Sul, segundo o doutor em física atmosférica Paulo Artaxo.

A “viagem” por milhares de quilômetros já aconteceu com os incêndios na Califórnia, Estados Unidos, quando a fumaça de lá foi detectada na Europa, afirma Artaxo.

Chuva preta

Quando a fumaça dos incêndios encontra nuvens que estão associadas a frentes frias, pode ocorrer a chamada chuva preta.

“Outra situação que pode causar a chuva preta é quando as gotas das nuvens se formam no meio da poluição, e envolvem as partículas que compõem a fumaça. Com isso, a chuva associada a essas nuvens terá, em sua composição, a fuligem oriunda das queimadas”, explica Rosário.

Segundo dados do Metsul, existe a possibilidade de chuva preta em São Paulo nos próximos dias. O Climatempo também não descartou a possibilidade de “repetição do fenômeno da chuva preta, dependendo da quantidade de fumaça”.

Para especialistas, a chuva preta pode ser considerada uma forma de alívio em meio ao cenário das queimadas. “Ela é consequência de um processo importante de limpeza da atmosfera”, diz Rosário.

(Com informações da BBC Brasil)

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