Em depoimento prestado à , nessa segunda-feira (11), o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, negou amizade com os filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, agiu para desqualificar seu some, quando Ramagem foi nomeado para chefiar a Polícia Federal. As informações são da Folha de S.Paulo.

De acordo com  o depoimento obtido pelo jornal, Ramagem ainda disse ter obtido a confiança do presidente e confirmou ter sido consultado para Rolando Alexandre de Souza assumir a direção-geral da Polícia Federal. Ele tratou do tema com Bolsonaro e o ministro da Justiça, André Mendonça.

Ramagem chegou a ser indicado para diretor-geral da PF, no mês passado, após a exoneração de Mauricio Valeixo, que culminou na crise política vivida hoje por Bolsonaro. Moro pediu demissão na esteira da exoneração de Valeixo, acusando o presidente de tentar interferir politicamente na corporação que, de acordo com a Folha, investiga os filhos do presidente por envolvimento em um esquema de disseminação de notícias falsas. Além disso, há investigação sobre um esquema de rachadinha para desviar dinheiro público em favor da do Rio de Janeiro, como relevou o site The Intercept Brasil.

A nomeação de Ramagem foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que usou como base os depoimentos de Moro e relatos da imprensa sobre a aproximação de Ramagem com a família Bolsonaro.

No depoimento, no âmbito do inquérito que apura as acusações de Moro, Ramagem diz que “tem ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro pelos trabalhos realizados e pela confiança do presidente da República”.

Ele afirma, porém, que “não possui intimidade pessoal com seus entes familiares” e minimizou a foto na festa de Ano Novo, de 2018 para 2019, em que aparece ao lado do vereador (Republicanos-RJ), filho do presidente.

Segundo Ramagem, “o motivo da desqualificação [por parte de Moro] foi o fato de ele não integrar o núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro”, disse.

De acordo com ele, “a desqualificação ocorreu através de argumento inverídico de intimidade familiar nunca antes tido como premissa ou circunstância, apenas como subterfúgio para indicação própria sua de pessoas vinculadas ao seu núcleo diretivo de sua exclusiva escolha​'.

Segundo ele, Bolsonaro “nunca chegou a conversar sob a forma de intromissão, sobre investigações específicas da Polícia Federal que pudessem, de alguma forma, atingir pessoas a ele ligadas”.

O diretor da Abin disse que o presidente da República tinha “preocupação” com a produtividade operacional não apenas do Rio de Janeiro, mas também de outras superintendências, mas não relatou quais seriam as demais.