Dólar sobe para R$ 4,65 mesmo com injeção de US$ 3 bi pelo BC no mercado
O Banco Central injetou US$ 3 bilhões no mercado de câmbio nesta quinta-feira, 5, mas a moeda americana fechou novamente em alta, a 12ª consecutiva, atingindo patamares inéditos. No mercado comercial, o dólar à vista terminou a quinta-feira com valorização de 1,56%, a R$ 4,6515, novo recorde histórico. O exterior negativo, com renovados temores sobre […]
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O Banco Central injetou US$ 3 bilhões no mercado de câmbio nesta quinta-feira, 5, mas a moeda americana fechou novamente em alta, a 12ª consecutiva, atingindo patamares inéditos. No mercado comercial, o dólar à vista terminou a quinta-feira com valorização de 1,56%, a R$ 4,6515, novo recorde histórico. O exterior negativo, com renovados temores sobre os efeitos negativos para a economia do coronavírus, que hoje teve a primeira transmissão confirmada no Brasil, a perspectiva de corte mais pronunciado de juros aqui e a frustração com a estratégia do BC para o câmbio explicam a piora do real, segundo profissionais de câmbio. No ano, o dólar já sobe 16% e o real tem o pior desempenho em uma lista de 34 moedas fortes e emergentes.
No início da noite, o BC anunciou outro leilão extra para esta sexta-feira, de US$ 2 bilhões. A instituição começou o dia fazendo um leilão extraordinário de swap (venda de dólar no mercado futuro) e anunciando o outro, mas não conseguiu segurar a disparada da moeda americana, que na máxima foi a R$ 4,6670. No começo da tarde, anunciou a terceira oferta, também sem muito efeito. Desde após o carnaval, quando o nervosismo do mercado cambial cresceu, a instituição já injetou US$ 5,5 bilhões via swap, mas operadores acham que seria necessário uma estratégia mais agressiva da instituição, anunciando por exemplo um programa mais amplo de intervenção.
Há também a interpretação de que o comportamento recente do câmbio é um sinal do mercado ao BC de que os juros não deveriam cair mais, pelo menos no curto prazo, como avalia o gestor e sócio-diretor da TAG Investimentos, Dan Kawa.
O estresse maior no dólar vem ocorrendo desde a terça-feira, após o BC divulgar na noite de segunda-feira um comunicado inesperado em que sinalizava cortes de juros para lidar com o coronavírus. “É claro que a incerteza no mercado mundial está colocando pressão nas moedas de emergentes. Contudo, o real está particularmente pressionado e tem tido o pior desempenho nos emergentes”, avalia a analista de moedas em Frankfurt do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger. Para a analista, esta pressão adicional no real tem relação com a estratégia do BC para a política monetária. “Com a publicação do comunicado extraordinário, o BC abriu a porta para cortes adicionais de juros.” Além disso, a recuperação lenta e frágil do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ajuda a pressionar ainda mais o câmbio, ao realimentar expectativas de mais cortes de juros. “A expectativa é que a tendência de piora do real continue.”
Na tarde de hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que “não tem nada de errado no câmbio”, lembrando que o regime cambial do Brasil é flutuante. Ele reconheceu, porém, que a “flutuação do câmbio está num nível mais alto”.
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