Pular para o conteúdo
Brasil

Desembargador manda juiz avaliar afastamento de Salles

O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mandou a 8ª Vara Federal do Distrito Federal julgar em caráter liminar o pedido de afastamento imediato contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O recurso havia sido apresentado pelo Ministério Público Federal após a ação de improbidade movida contra Salles ficar mais […]
Arquivo -

O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mandou a 8ª Vara Federal do Distrito Federal julgar em caráter liminar o pedido de afastamento imediato contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O recurso havia sido apresentado pelo Ministério Público Federal após a ação de movida contra Salles ficar mais de três meses parada na Justiça e enfrentar vai-e-vem judicial.

A Procuradoria acusa Salles de cometer uma “desestruturação dolosa” da política ambiental em uma série de atos e medidas durante sua gestão à frente do Meio Ambiente, como a exoneração de servidores do Ibama que participaram de operação contra o garimpo e o esvaziamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Em sua decisão, Bello apontou que vislumbrou requisitos para a análise do pedido de liminar cobrado pelo MPF, que é o afastamento imediato de Salles do cargo. “Todavia, para não incorrer em indevida supressão de instância, entendo que o pedido deve ser analisado pelo juízo de origem, ao qual é facultado suscitar conflito de competência ao órgão judicial competente para dirimi-lo”, afirmou o magistrado.

O desembargador também pautou para o dia 27 de outubro o julgamento de recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) que resolverá o vai-e-vem jurídico da ação de improbidade da Procuradoria contra o ministro. O caso já foi remetido para Santa Catarina e retornou a após decisão de Ney Bello.

O impasse começou após o juiz Márcio de Moreira, da 8ª Vara Federal do Distrito Federal, remeter o caso para a 6ª Vara Federal de Florianópolis sob o argumento de que aquele juízo era o responsável por avaliar a ação contra Salles – um processo semelhante foi apresentado contra o ministro por lá.

Os autos, no entanto, voltaram para Brasília após o desembargador federal Ney Bello cassar a decisão do juiz Márcio Moreira, deixando a cargo da Terceira Turma do tribunal decidir o destino final da ação. Isso está previsto para ocorrer no próximo dia 27.

Graças ao vai-e-vem, a ação de improbidade e o pedido de afastamento do ministro não foram julgados desde que foram apresentados, há 99 dias. A Procuradoria listou à Justiça uma em série de atos, omissões e discursos de Salles que caracterizariam conduta intencional “com o objetivo de fragilizar a atuação estatal na proteção do meio ambiente”.

A ação foi movida na esteira da declaração do ministro na reunião do dia 22 de abril, tornada pública pelo Supremo Tribunal Federal, na Salles defendeu que o governo deveria “aproveitar” a do novo coronavírus para ir “passando a boiada” em regulamentos e normas ambientais.

Uma das medidas listadas pela Procuradoria é o esvaziamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que no início do mês aprovou quatro mudanças no regimento ambiental, sendo a principal delas a extinção de resolução que estipulava parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente (APP) no litoral e nas regiões de manguezais e restingas. A medida abre espaço para especulação imobiliária nas faixas de vegetação das praias e ocupação de áreas de mangues.

A decisão foi tomada por um colegiado que foi esvaziado por Salles em maio do ano passado, que por decreto reduziu o número de integrantes do Conama de 96 para 23.

A mudança, segundo a Procuradoria, resultou “num aumento proporcional da representatividade do governo e redução substancial da representatividade da sociedade civil (redução de mais de 80%)”. A alteração, por exemplo, cortou de 11 para quatro vagas destinadas a representantes de entidades ambientais, cujo mandatos também foram reduzidos de dois para um ano, sem possibilidade de recondução.

Além das alterações no Conama, a Procuradoria citou no pedido de afastamento de Salles a exoneração de dois servidores e um diretor de fiscalização do Ibama após ação contra garimpeiros que atuavam em terras indígenas em Altamira (PA).

Em depoimento que o Estadão teve acesso, Renê Oliveira e Hugo Loss alegaram ter sofrido pressão do governo em operações de combate a crimes ambientais após o Fantástico exibir máquinas de garimpo sendo queimadas após fiscalização do Ibama. O chefe deles, Olivaldi Azevedo, foi chamado para conversa no Ministério do Meio Ambiente no dia seguinte à reportagem.

“O Olivaldi entrou em contato comigo para avisar que tinha sido chamado no Ministério e que, dependendo da situação, depois gostaria de falar comigo. Respondi que estava à disposição. Aí ele me ligou, por volta das 17h30 – 18h e pediu para nos encontrarmos”, relatou Oliveira. “Fomos lá no Ibama e recebi a informação dele assim, sem muitos detalhes: “a coisa ficou insustentável, estou saindo, fui exonerado, tive uma reunião agora no Ministério””.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Carro com duas mulheres capota na BR-163; ninguém ficou ferido

chuva água

VÍDEO: Motociclista fica ilhado em correnteza após Avenida Tamandaré ser tomada por água

VÍDEO: Durante temporal, carro cai em buraco no Nova Lima

Com Santa Emília alagado, filas de carros se formam nos dois lados da avenida Conde da Boa Vista

Notícias mais lidas agora

Vostok: Justiça de MS nega liberar R$ 277 milhões bloqueados de Reinaldo Azambuja

INSS: Em MS, CGU flagrou descontos ilegais em 100% dos aposentados analisados

Tereza Cristina vai comandar em MS federação do PP com União Brasil

Sargento suspeito de assassinar Hélio é dispensado de função de confiança na Capital

Últimas Notícias

Cotidiano

Chuva de 34 mm alaga ruas e enche córregos de Campo Grande

Motoristas e pedestres precisam ficar em alerta para evitar pontos de alagamentos

Cotidiano

Após temporal, bueiro transborda no bairro Coophatrabalho

Em 2h, Campo Grande registrou 27,4 milímetros de chuva

Cotidiano

Chuva intensa eleva tarifas de aplicativos de transporte em Campo Grande nesta quinta-feira

Trecho entre o centro da cidade e o bairro Pioneiros, que em média, custa R$ 20, alcançou hoje R$ 50 em média, devido à tarifa dinâmica

Cotidiano

‘Frustrante’: Chuva deixa barracos da Aldeia Água Funda tomados pela água

Aos poucos, o chão batido de terra foram tomados pelas águas.