Ancine quer aumentar participação feminina nas produções audiovisuais

Criar instrumentos para aumentar a participação feminina nas produções audiovisuais é uma das preocupações da Agência Nacional do Cinema (Ancine). A última pesquisa mostra que a participação de mulheres na direção de filmes foi de 19,7. Em média, a participação de mulheres nos filmes lançados comercialmente no Brasil alcança 15%. Dependendo do ano, chega a […]

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Reprodução/Mostra CCBB
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Criar instrumentos para aumentar a participação feminina nas produções audiovisuais é uma das preocupações da Agência Nacional do Cinema (Ancine). A última pesquisa mostra que a participação de mulheres na direção de filmes foi de 19,7. Em média, a participação de mulheres nos filmes lançados comercialmente no Brasil alcança 15%. Dependendo do ano, chega a 21%; em 2014, registrou apenas 10%.

Por conta disto, a agência promoverá em junho o Seminário Internacional de Mulheres no Audiovisual. Além de trazer experiências de outros países, será assinado um memorando de entendimento entre a Ancine e a entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, conhecida como ONU Mulheres, para aumentar a igualdade de gênero no setor audiovisual, por meio da promoção de ações transversais em diversas áreas.

“A Ancine vê isso [a participação feminina] como uma distorção. É por isso que estamos realizando esse seminário”, disse à Agência Brasil a diretora da Ancine, Débora Ivanov. O evento acontecerá no dia 13 de junho, em São Paulo, e 14 de junho, no Rio de Janeiro.

Paridade e cotas

Desde 2018, a Ancine já concretizou duas ações. A primeira estabeleceu paridade de gênero nas comissões de seleção de filmes para recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). “Já tem um peso mais feminino na seleção de obras”, disse Débora. A segunda ação foi o estabelecimento de cotas para participação de gênero e raça. “Foram dois passos importantes, mas ainda há muito a ser feito”, reconheceu a diretora.

De acordo com a pesquisa da Ancine de 2018, do total de filmes brasileiros lançados em 2016, somente 2% foram dirigidos por homens negros, enquanto nenhuma mulher negra assinou a direção de um filme.

Débora citou a experiência de política pública que a convidada internacional Amanda Nevill, diretora-executiva do British Film Institute (BFI), órgão do Reino Unido, apresentará no seminário. O BFI é considerado referência mundial na implementação de políticas para a diversidade no setor audiovisual britânico. Funcionando como agência do audiovisual do Reino Unido, o BIF estabeleceu uma política muito clara para promoção da diversidade em toda a cadeia produtiva, disse a diretora da Ancine. “É uma inspiração para nós”, afirmou.

Movimento civil

Da Alemanha, vem a experiência da ProQuoteFilm, que Barbara Rohm vai apresentar no seminário. A ProQuoteFilm é uma organização da sociedade civil criada em 2014 para promover a igualdade de gênero na indústria cinematográfica e televisiva alemã. Lá, como no Brasil, menos de um quarto dos filmes é feito por cineastas do sexo feminino. Débora Ivanov analisa que a experiência da Alemanha abre a possibilidade de conhecer o movimento da sociedade civil na luta para aumentar a inclusão de filmes nos festivais que sejam produzidos, dirigidos e roteirizados por mulheres. “É importante falar sobre isso sempre porque as políticas públicas são impulsionadas pelo movimento civil”, comentou a diretora da Ancine.

A presidente da Comissão de Gênero, Raça e Diversidade da Ancine, Carolina Costa, destacou que o BFI do Reino Unido pede provas da diversidade de gênero nos filmes de várias formas, desde a etapa de estágio até a hora de postular recursos públicos. “Isso é muito útil”, apontou. Carolina reconhece, entretanto, que a questão de raça é mais aguda que a de gênero. Argumenta que o estabelecimento de cotas para mulheres e para negros pode resolver a questão da diversidade racial, mas é preciso que desde o primeiro edital as políticas públicas abordem essa questão em profundidade.

Débora Ivanov afirma que no Reino Unido, a política do BFI tem um papel mais liberal. No lugar de cotas, eles colocaram pontuações nos editais que as obras audiovisuais têm que atender para concorrer aos recursos públicos de fomento. Na Alemanha, existe o sistema de cotas. Na Suécia, foi implantado também o sistema de cotas que já alcançou a paridade de gênero (50% homens, 50% mulheres), lembrou Débora. Disse que o seminário servirá para conhecer as diferentes propostas para promoção da diversidade de gênero. O objetivo é inspirar os gestores públicos e, ao mesmo tempo, envolver no debate os movimentos sociais para propor meios mais efetivos de combater a desigualdade existente no meio audiovisual nacional e internacional.

Parceria

O seminário conta com a parceria do Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc São Paulo), da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do Goethe-Institut. Na capital paulista, no dia 13 de junho, o evento acontecerá na sede do Sesc, na Avenida Paulista, a partir das 9h. No Rio, será realizado na Casa Firjan, localizada na Rua Guilhermina Guinle, em Botafogo, no mesmo horário.

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