Para especialista, nenhum estado brasileiro é eficiente
Todos os estados brasileiros merecem um “downgrade” e não deveriam ser classificados como eficientes. A afirmação é de Ana Carla Abrão, ex-secretária de finanças de Goiás e sócia da consultoria Oliver Wyman. A especialista participou de debate realizado nesta segunda-feira (20) no Insper, em São Paulo, a fim de discutir o Ranking de Eficiência dos […]
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Todos os estados brasileiros merecem um “downgrade” e não deveriam ser classificados como eficientes. A afirmação é de Ana Carla Abrão, ex-secretária de finanças de Goiás e sócia da consultoria Oliver Wyman.
A especialista participou de debate realizado nesta segunda-feira (20) no Insper, em São Paulo, a fim de discutir o Ranking de Eficiência dos Estados – Folha (REE-F). “Não consigo achar nenhum estado eficiente”, disse Abrão.
Ela pondera que a comparação relativa de eficientes e ineficientes entre os estados feita pelo ranking faz sentido, mas, em níveis absolutos, os serviços oferecidos pelos governos no Brasil não deveriam ser considerados eficientes.
“Com o atual modelo de gestão da máquina pública, não vamos atingir eficiência. A alocação de recurso está completamente distorcida. Ou muda o modelo ou vamos colapsar”, disse Abrão.
Ela se refere à composição dos gastos dos estados, que, em casos extremos, chegam a direcionar 70% de sua receita à folha de pagamento.
No ranking desenvolvido pela Folha de S.Paulo, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Pernambuco e Espírito Santo são classificados como eficientes no uso dos recursos públicos, ou seja, entregam melhor educação, saúde, segurança e infraestrutura em relação ao que gastam.
Já Alagoas, Sergipe, Roraima, Rio Grande do Norte, Acre, Pará e Amapá são considerados ineficientes.
Nos casos de Amapá, Pará e Acre, por exemplo, a receita per capita é alta graças à população reduzida e à ajuda federal, mas, ainda assim, os serviços públicos são ruins.
Para Fabiana Rocha, professora de economia da USP (Universidade de São Paulo), os estados que gastam muito e entregam pouco sofrem de “ilusão fiscal”, porque sobrevivem basicamente de transferências da União.
“Como não associam a receita ao custo de arrecadação, dão muito menos valor àquele dinheiro. É o mesmo que acontece com quem trabalha e pensa para gastar do que quem recebe mesada do pai”, afirmou.
A economista pondera ainda que a busca por mais eficiência na administração pública se tornou uma demanda da população. Com a crise, mais pessoas se voltaram ao setor público em busca de escolas, hospitais e segurança.
“O único jeito de resolver essa equação é melhorar a eficiência. Por causa disso, o índice desenvolvido pela Folha é mais do que oportuno”, afirmou Rocha.
Os especialistas reunidos no seminário disseram acreditar que o impacto da divulgação do ranking no período pré-eleitoral tende a ser expressivo.
“Nenhum governador gosta de ver seu estado em uma colocação baixa. Tem forte impacto local e eles precisam dar explicações”, disse Abrão.
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