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Brasil

Jovens querem ser protagonistas de mudanças sociais, mostra pesquisa

Os jovens não acreditam na fantasia de ganhar dinheiro fácil, e querem ser protagonistas de transformações sociais. A conclusão é da pesquisa Juventude Conectada, realizada pela Fundação Telefônica Vivo, em parceria com Ibope Inteligência e Rede Conhecimento Social. Para 60% dos entrevistados, fazer algo de impacto, que traga benefícios não apenas pessoais, mas também para […]
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Os jovens não acreditam na fantasia de ganhar dinheiro fácil, e querem ser protagonistas de transformações sociais. A conclusão é da pesquisa Juventude Conectada, realizada pela Fundação Telefônica Vivo, em parceria com Ibope Inteligência e Rede Conhecimento Social.

Para 60% dos entrevistados, fazer algo de impacto, que traga benefícios não apenas pessoais, mas também para a sociedade, é o significado de empreender. Foram ouvidas 400 pessoas, entre 15 e 29 anos, em todas as regiões do país.

“Protagonismo juvenil está se tornando uma expressão meio desgastada, mas é disso que eles estão falando quando pensam em empreendedorismo”, diz Americo Mattar, diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo.

Alinhado com essa visão, o projeto “Pense Grande”, criado pela fundação para ajudar o desenvolvimento de competências empreendedoras entre os jovens, começa com a elaboração do projeto de vida de cada participante.

A metodologia está sendo aplicada em 47 Etecs e Fatecs do estado de São Paulo, em parceria com o Centro Paula Souza. A participação no projeto é voluntária.

Outras instituições de ensino também têm criado formas de ajudar os jovens a construir seus projetos de vida. É o caso da Escola Estadual Professor Antônio Alves Cruz, na zona oeste de São Paulo.

“O protagonismo é premissa do programa de ensino integral”, afirma a diretora, Marcia Benedicto. Entre as escolas estaduais da capital, a Alves Cruz está no topo do ranking do Enem.

Em projetos como o dos clubes juvenis, os alunos conquistam autonomia e descobrem caminhos para a realização pessoal.

Cineas Rangel Peres, 18, quer cursar direito na Universidade Federal de Minas Gerais. Seu colega Matheus Rassi, 15, pretende se formar em direito naval.

Todas as quartas-feiras, os dois se reúnem na sala 5 para as atividades do clube de conhecimento constitucional.

“Estamos estudando o artigo 5º, inciso 32, da Constituição Federal”, conta Cineas. O artigo trata da igualdade perante a lei e do direito à vida.

São os alunos que cuidam das atividades dos clubes, criados a partir de propostas encaminhadas à direção pelos próprios estudantes no início de cada ano letivo.

Os autores das propostas aceitas tornam-se presidentes dos clubes e vendem suas ideias para angariar membros entre os colegas das três séries do ensino médio. Neste semestre, há 14 clubes em atividade.

Um dos que mais atraem integrantes é o Sócia Mundo. Liderados pelos gêmeos Matheus e Pedro Lima Gomes, 17, os membros do clube criam estratégias para resolver problemas coletivos percebidos dentro e fora da escola.

Entre outras ações, organizaram um mutirão de limpeza no pátio do prédio onde estudam e um piquenique para levar lanches aos moradores de rua do centro da cidade.

A escolha das atividades retrata desejos formulados por entrevistados na pesquisa Juventude Conectada.

Para a maioria deles, é importante transformar o entorno para colocar em prática seus próprios sonhos.

Giovana Sales, 16, Lize Gabrielle Souza, 15, e as irmãs Mariana, 15, e Ana Carolina Santino, 14, já conseguiram realizar alguns deles.

Alunas da escola do projeto Âncora, cujo programa pedagógico é sustentado pela autonomia crescente, elas vêm aprendendo a conciliar projetos pessoais com necessidades coletivas.

“Temos que fazer o que faz sentido para nós e o que é necessário”, diz Mariana. Isso implica, por exemplo, participar das assembleias semanais, em que debatem problemas e decidem quais projetos serão tocados na escola, localizada em Cotia, na Grande São Paulo.

Segundo Mariana, essas assembleias são às vezes muito chatas. “Posso não querer ir, mas vou porque são necessárias para o funcionamento da escola. Nossa lema é: não gosto, mas faz sentido, então faço. Levo isso para minha vida”, diz.

O aprendizado diário para assumir responsabilidade sobre o processo educativo ajudou o grupo de alunas a realizar um projeto comum: um intercâmbio em Portugal para conhecer o centro de educação Tamera, na região do Alentejo.

Foram dois anos de planejamento e estratégias para viabilizar a viagem. Na arrecadação de recursos financeiros, elas precisaram vender muito brigadeiro, mas também aprenderam a importância de criar um logotipo para o empreendimento e de oferecer contrapartida aos financiadores.

Também puderam rever seus projetos de vida. Foi na convivência com a comunidade de Tamera que Ana Carolina descobriu seu interesse por sustentabilidade.

Carol, como é chamada, já tinha vislumbrado uma carreira na área de química. “Eu queria ser engenheira de petróleo. Depois do intercâmbio, dei uma virada para a pesquisa de recursos sustentáveis. Isso faz mais sentido para mim, para a escola e para a comunidade”, diz.

 

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