Aplicativo dá transparência e dificulta abusos no Facebook
Ao abrir uma “Linha do Tempo” do Facebook, usuários são inundados com mensagens. Uma parte importante delas é de anúncios ou conteúdos patrocinados (ou impulsionados, no jargão usado pela rede social). Desde o início da campanha eleitoral, os brasileiros passaram também a receber propaganda de candidatos e partidos, canal utilizado pela primeira vez na disputa […]
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Ao abrir uma “Linha do Tempo” do Facebook, usuários são inundados com mensagens. Uma parte importante delas é de anúncios ou conteúdos patrocinados (ou impulsionados, no jargão usado pela rede social). Desde o início da campanha eleitoral, os brasileiros passaram também a receber propaganda de candidatos e partidos, canal utilizado pela primeira vez na disputa deste ano.
Mas muitas pessoas não sabem o porquê de estarem recebendo essas publicações pagas. Outras não diferenciam esse tipo de mensagem daquelas enviadas por amigos. Um aplicativo lançado nesta semana pode ajudar usuários a lidar com essas práticas de direcionamento, ao dar mais transparência e dificultar o uso de dados para a segmentação de anúncios. O Fuzzify.me é uma extensão (plug-in) e pode ser instalada gratuitamente em navegadores Chrome e Firefox .
A ferramenta foi produzida pela organização brasileira Coding Rights, que atua com direitos humanos e tecnologias digitais. O desenvolvimento contou também com a participação de pesquisadoras de outras entidades internacionais, como Human Rights Watch.
Transparência
Depois de instalada, a extensão é mostrada na forma de um botão no canto superior direito do navegador, ao lado do menu. Ao abri-la, é possível ver os anúncios publicados na “Linha do Tempo” e o motivo de eles serem mostrados. Assim, o recurso ajuda o usuário a compreender melhor como seu perfil está sendo construído e que tipo de segmentação está sendo adotada por cada anunciante.
“A ideia é que, olhando a Linha do Tempo e porque você está sendo alvejada com anúncios, vá entendendo como o Facebook está te perfilando e te vendendo. Pensamos que seria interessante no contexto de eleições para pegar os anúncios políticos também”, explicou à Agência Brasil Joana Varon, uma das criadoras da ferramenta.
Dificultando anúncios
Mais do que apenas mostrar ao usuário como seus dados estão sendo usados, o Fuzzify.me ajuda a pessoa a “limpar” as preferências de anúncios. O controle dessas configurações já existe no Facebook, mas a extensão facilita tanto a visualização das diversas fontes de informação usadas para segmentar anúncios (como seus interesses ou os anunciantes com quem se relaciona) quanto a remoção destas da plataforma.
Essa “limpeza” das preferências ajuda a reduzir o número de anúncios publicados na sua Linha do Tempo. Além disso, expõe ao detentor da conta os “interesses” que o Facebook está atribuindo a ele. Um dos desafios é o fato de o Facebook “recolocar” as preferências rapidamente após elas serem apagadas.
Assim, apesar de a plataforma afirmar que o usuário tem o controle sobre essas configurações, para que os dados coletados não sejam usados para “vender” a pessoa a anunciantes, o usuário deve recorrer frequentemente à página de controle dessas preferências, o que dificilmente ocorre. Outra funcionalidade do Fuzzify.me é “automatizar” essa limpeza, exatamente para que a tarefa não tenha de ser feita de forma repetida.
Experimento
Além do Fuzzify.me, a Coding Rights promoveu uma ação de usar os anúncios segmentados para alertar as pessoas sobre essa forma de direcionamento e a coleta de dados envolvida nela. Ao projeto foi dado o nome “Vocês está vendo isso porque é uma….”.
Os responsáveis pela iniciativa definiram determinados perfis e publicaram anúncios com perguntas a partir dessas informações. Um dos perfis, por exemplo foi o de mulheres que andam de moto e estão em um relacionamento a distância.
“Pensamos narrativas com essas informações pra chamar a atenção das pessoas e discutir proteção de dados e possíveis implicações de ter esse grau de segmentação tão detalhado. As pessoas ficaram perguntando que bruxaria foi essa”, relatou Joana Varon.
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