Governo do ES diz ter chegado a acordo para fim de paralisação de policiais
Acordo foi firmado com associações de policiais
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Acordo foi firmado com associações de policiais
O governo do Espírito Santo informou na noite desta sexta (10) que chegou a um acordo para encerrar, a partir das 7h da manhã deste sábado (11), o movimento de parentes de policiais que impediam desde sábado (4) o trabalho dos oficiais.
No entanto, o acordo foi firmado com associações de policiais, e não com as famílias que estão bloqueando a saída de oficiais e veículos dos batalhões há dias –e que vinham participando de reuniões com o governo.
Segundo o governo, o acordo foi assinado com a Assomes (Associação dos Oficiais Militares do Estado do Espírito Santo), a ACS (Associação de Cabos e Soldados), a ABMES (Associação dos Bombeiros Militares do Espírito Santo) e a Asses (Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia e Bombeiro Militar do Espírito Santo).
O secretário estadual de Direitos Humanos, Júlio César Pompeu, pediu que os policiais “conversem com suas esposas” e voltem ao trabalho. Ao longo da semana, o governo chegou a chamar o movimento de “greve branca”, já que a Constituição não permite que militares façam este tipo de movimento.
“Quem fez juramento de honra, de defesa da sociedade, são os policiais militares. Não são suas esposas”, disse o secretário.
Governo não garante reajuste
Depois de mais uma rodada de negociação, o governo não se comprometeu com o reajuste salarial, uma das principais reivindicações do movimento. “Sem aumento da arrecadação, não há como [aumentar salários]”, disse Pompeu.
O acordo firmado também prevê que o governo analise o cronograma de promoções e suspenda a punição a PMs amotinados — desde que voltem ao trabalho até as 7h de sábado. Mesmo assim, o indiciamento de 703 PMs pelo crime de revolta, anunciado mais cedo pela cúpula de segurança do Estado, não será extinto, afirmou o secretário.
Mais de 100 mortos em uma semana
Desde o início da paralisação, ao menos 112 pessoas foram assassinadas no Estado, segundo a Polícia Civil. Além dos assassinatos, saques e assaltos foram registrados com frequência em várias cidades. Militares das Forças Armadas e da Força Nacional foram convocados para tentar garantir a segurança no Estado. O poder de polícia chegou a ser transferido ao Exército.
Ao longo da semana, a rotina dos capixabas mudou drasticamente, já que ficaram sem trabalhar nem estudar. Ônibus, escolas, unidades de saúde, agências bancárias, repartições públicas e a maior parte do comércio praticamente não funcionaram desde que os protestos começaram.
“Eu não sei se elas estão conscientes do que está acontecendo. E do que pesa sobre os ombros delas”, disse o secretário Pompeu sobre as mulheres que participaram do movimento.
Hoje, o presidente Michel Temer disse em nota que condena “a paralisação ilegal da polícia militar que atemoriza o povo capixaba”, e afirmou que “o direito à reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém”.
Entenda a crise no Espírito Santo
No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicavam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.
Na segunda-feira (6), o movimento foi considerado ilegal pela Justiça do Espírito Santo porque ele caracteriza uma tentativa de greve, o que é proibido pela Constituição para militares. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.
Ao longo de todo o movimento, a ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirmou não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.
A Sesp-ES (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.
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