Enquanto não resolve fedor em bairros de Campo Grande, JBS mostra lucro de R$ 1,6 bilhão
Enquanto moradores vizinhos da JBS vivem onda de mau cheiro, frigorífico vê lucros dispararem
Gabriel Maymone –
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Com duas unidades alvos de investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande por exalar cheiro podre que atinge vários bairros da região oeste da Capital, a JBS vê seus lucros subindo cada vez mais. Relatório divulgado pela própria empresa mostra que obteve lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre de 2024. O resultado impressiona, já que no trimestre anterior o valor estava na casa dos R$ 83 milhões.
Enquanto moradores precisam conviver com o fedor causado por irregularidades apontadas nas unidades da JBS em Campo Grande, a empresa vem aumentando sua produção e ganhando mais dinheiro. “Esse foi um período em que todas as unidades de negócio aprimoraram o desempenho”, diz nota emitida pelo empresa considerada um dos maiores processadores de alimentos do mundo.
Mas, quem mora nos arredores das unidades da JBS, está mais preocupado com que a empresa cumpra acordos firmados com órgãos de fiscalização para resolver de vez o mau cheiro exalado em suas unidades – provenientes de irregularidades apontadas por órgãos ambientais.
Unidade de couro sem licença deixa Indubrasil ‘podre’
Fernanda Cristina morou no Indubrasil quando criança e retornou há quase três meses para cuidar de um imóvel herdado pelo irmão. A filha dela teve uma surpresa desagradável.
“Eu não me incomodo tanto porque morei aqui quando era criança, então já sabia como era essa questão do mau cheiro, mas minha filha reclama do fedor. Ela diz pra gente se mudar. Também é ruim para receber visitas, porque não estão acostumados e reclamam mais”, relata ao Jornal Midiamax.
A 34ª Promotoria de Justiça de Campo Grande acompanha a situação. O objetivo é que o frigorífico faça intervenções e ações de controle “para a eliminação do perigo ou redução, a níveis toleráveis, dos riscos identificados na etapa de diagnóstico, bem como o monitoramento da eficácia das ações executadas”, consta no TAC.
Conforme informações de documentos do MPMS, a unidade de couros foi flagrada funcionando sem licença de operação. Então, firmou-se um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) – celebrado para a empresa se adequar às normas ambientais.
Sobre os problemas da unidade de couro, a JBS não se posicionou para a reportagem. Mas o espaço segue aberto para manifestação.
Nem multa de meio milhão de reais impediu JBS de continuar exalando mau cheiro no Nova Campo Grande
Em TAC anterior firmado na unidade da JBS do Nova Campo Grande, a promotoria aplicou multa de 500 mil reais. Nem isso foi suficiente para sanar a situação.
A situação foi denunciada diversas vezes aos órgãos fiscalizadores competentes pelo menos desde 2009. Agora, em 2024, o problema ainda é alvo de protestos de moradores e até de audiência pública para discutir soluções e cobrar resolução da JBS.
O acordo (TAC) foi aditivado quatro vezes, ou seja, foram dadas novas oportunidades para a JBS se adequar às normas ambientais. No entanto, em todas, o MPMS abriu mão da prerrogativa constitucional de judicializar a situação em defesa dos moradores.
Enquanto isso, para os moradores, o fedor sem fim interfere na saúde de crianças e idosos. Além disso, afeta até as vendas do comércio, que amarga queda no faturamento com clientes fugindo da fedentina insuportável para fazer compras em bairros vizinhos.
Solução é conhecida, mas ignorada pela JBS
Além das séries de cobranças dos TACs, audiência pública propôs uma série de soluções que resolveriam o problema, mas que não são aplicadas pela gigante frigorífica.
Audiência pública realizada há cerca de um mês na Câmara Municipal apresentou alternativas para o problema, entre elas: o aumento do cinturão arbóreo em torno da planta frigorífica, revitalização de canos e estruturas em torno do frigorífico, ações sociais para os bairros do entorno, patenteados pelo frigorífico e fiscalizações com maior intensidade por parte dos órgãos (Imasul, Ministério Público e Sesau).
Apesar de ser chamada para explicar a situação à população, na ocasião, a JBS não compareceu. O frigorífico encaminhou um ofício alegando que o encontro “não contemplou outras empresas que igualmente operam na região em questão e possuem potencial contribuitivo relevante para a temática em discussão”. Ministério Público também não se fez presente e não encaminhou representante.
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