Choque entrou no local e presos se renderam

Com 14h20 de duração, chega ao fim a na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Natal, no Rio Grande do Norte. Na manhã deste domingo (15), Policiais Militares entraram no local com veículo blindado, vans e carros. O governo estadual confirmou pelo menos 10 mortes. Durante a permanência da PM não houve troca de tiros ou bombas, e ainda de acordo com o governo os detentos se renderam.

Segundo o G1, um helicóptero da PM auxiliou na operação, que envolve Choque, Bope e GOE (Grupo de Operações Especiais). Às 6h20 (horário local), era possível ver fumaça negra nos pavilhões e ouvir bombas de efeito moral do lado de fora da penitenciária.

A entrada da PM no complexo penitenciário foi vaiada e aplaudida por pessoas que estavam na frente do local. Ainda de acordo com o G1, familiares de detentos, que ontem à noite tentaram furar o bloqueio policial na noite deste sábado (14), mas não tiveram sucesso. Segundo eles, pesos que não estão envolvidos na rixa entre as facções estão pedindo socorro. Com panos brancos, eles acenam e pedem paz.

Panos brancos também foram colocados por detentos no telhado dos pavilhões.

Não houve negociação entre PM e presos, informou o tenente-coronel Marcos Vinícius, que comanda o Bope, por volta das 2h. A madrugada foi tranquila, sem tiros nem tumultos aparentes. O complexo ficou sem energia elétrica desde a noite de ontem. Muitos tiros foram ouvidos e era possível ver muita fumaça do lado de fora do presídio ontem.

Na noite de sábado, o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino, afirmou que a determinação era retomar o controle do presídio. “A ordem já foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras unidades”, disse Virgolino, que informou ter chamado todos os agentes penitenciários que estavam de folga. O estado possui cerca de 800 agentes penitenciários.

Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal, e é o maior presídio potiguar. A penitenciária possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150 presos, segundo a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do estado.

A PM afirma que a área externa está sob o controle das autoridades. As saídas foram bloqueadas e o Corpo de Bombeiros fez barricadas no local. “Não há registro de nenhuma ação externa aos presídios. O problema está restrito a Alcaçuz e a população pode seguir com suas atividades dentro da normalidade”, afirmou o governo, em nota.

O motim

A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 16h em Brasília), após uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5. Segundo o governo, a briga estava restrita aos dois pavilhões. O pavilhão 5 é o presídio Rogério Coutinho Madruga, que fica anexo a Alcaçuz. Há separação entre presos de facções criminosas entre os dois presídios.

Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presídio antes da rebelião e jogaram armas por sobre o muro.

A Sesed (Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social) diz em nota que as mortes são “resultado de uma briga entre facções rivais”. Já o governo do estado afirma que “‘estão sendo levantadas informações acerca do envolvimento de facções criminosas”.

Sesed

A Sesed (Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social) informou, por meio de note, ter montado um GGI (Gabinete de Gestão Integrada) para executar as ações a serem empregadas na rebelião do presídio de Alcaçuz.

“Já estão no local o Bope (Batalhão de Operações Especiais), o Batalhão de Choque e a Força Nacional para evitar mais confrontos e controlar a situação. Há registro de mortes resultado de uma briga entre facções rivais”, afirma a secretaria.

Rebeliões e fugas

A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano Feitosa.

Mais de 100 presos conseguiram escapar do presídio no ano passado, em 14 fugas. A maioria deixou o presídio por meio de túneis escavados a partir dos pavilhões ou por buracos abertos no pé do muro, sempre sob uma guarita desativada ou sem vigilância.

Força Nacional

Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional de Segurança no Rio Grande do Norte. Os policiais enviados pelo governo federal estão atuando no patrulhamento das ruas e podem atuar na segurança do perímetro externo das unidades prisionais localizadas na Grande Natal.

A Força Nacional chegou ao estado em março de 2015, durante a série de motins no sistema prisional do estado, e o prazo de apoio poderá ser novamente prorrogado, caso haja necessidade.


Calamidade pública

O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015. Na ocasião, foram gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14 presídios depredados durante motins, mas as melhorias foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.

Segundo a Sejuc (Secretaria de Justiça e da Cidadania), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33 unidades prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é de 8 mil presos – ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.