Produção de insumos da medicina nuclear é interrompida por greve no Ipen

Cerca de 300 técnicos do instituto

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Foto: Arquivo/Midiamax

Cerca de 300 técnicos do instituto

O fornecimento de radiofármacos importantes para a medicina nuclear foi parcialmente interrompido no país, devido ao estado de greve de técnicos do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), principal fornecedor de medicamentos e insumos para a medicina nuclear do país. A greve começou ontem (18) devido a impasses salariais dos cerca de 300 técnicos do instituto, que pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações.

As gratificações que correspondem a cerca de 30% dos salários dos técnicos não foram incluídas no pacote de projetos de lei de reajuste de salários dos servidores, aprovado pelo Senado na terça-feira (12), o que causou descontentamento entre os técnicos. Segundo superintendente do Ipen, José Carlos Bressiani, a não inclusão da tabela de gratificações foi um erro que será corrigido em breve.

“Está marcada uma reunião com o governo hoje e amanhã para definir como será feita a inclusão dessa tabela, mas é preciso encontrar a forma burocrática que permita fazer isso, pois o presidente pode vetar ou aprovar, mas não pode modificar a lei”, comentou ele. Uma nova assembleia da categoria está marcada para quinta-feira (21) para definir se os técnicos encerra a paralisação ou continuam a greve.

Um dos fornecimentos interrompidos é o do radioisótopo O Flúor-18, matéria-prima para realização de um dos mais importantes exames diagnósticos de cânceres, o PET-CT. Como o Flúor-18 tem duração somente de duas horas não é possível armazená-lo em clínicas e hospitais.

Bressiani lamentou que a paralisação afete principalmente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje já deixamos de entregar o Flúor-18 para cerca de quatro hospitais e os demais radiofármacos estão sendo entregues com algum atraso. É chato, porque são pacientes, que marcaram o exame há dois, três meses e não poderão ser atendidos por falta de material”.

No início do mês o Ipen anunciou que poderia parar com as atividades devido à falta de recursos. Em março do ano passado, os funcionários pararam a produção, em protesto pela falta de recursos para pagamento dos insumos importados e nacionais e pela interrupção de gratificação dos trabalhadores.

Monopólio

Atualmente o IPEN comercializa produtos para 430 clínicas e hospitais de medicina nuclear, sendo um terço deste material consumido pelo SUS. Além do IPEN, a produção de radiofármacos também é feita no Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, em unidades ligadas ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação (MCTIC). No caso de radioisótopos com mais de duas horas de vida ativa, denominados de “meia-vida longa” – a Constituição determina que a produção é de responsabilidade exclusiva do Estado brasileiro.

Até o fechamento da matéria, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações (MCTIC) não havia se manifestado a respeito da greve.

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