Repórter Lucas Vettorazzo relatou caso em reportagem

O jornalista Lucas Vettorazzo, do jornal Folha de S. Paulo, publicou um depoimento no periódico paulistano, onde relata ter sido impedido de fazer anotações no exercício de sua profissão, enquanto estava no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

O repórter relata que planejava pegar voo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando um policial federal o abordou. “O que o senhor fazia tirando fotos e fazendo anotações na área restrita?”, teria perguntado o agente.

Vettorazzo diz que, ao responder que fazia uma reportagem sobre o novo esquema de segurança dos aeroportos brasileiros, o policial afirmou que o jornalista não poderia fazê-lo.

Segundo ele, o agente questionou: “o senhor acha certo fotografar em uma área restrita, tomar notas e publicar no seu jornal detalhes da nossa operação? Terroristas podem usar suas fotos para ver onde estão posicionadas nossas câmeras, nossos agentes”.

O jornalista afirma que respondeu que “respondeu que o texto não daria esse tipo de detalhe”, mas que o policial mandou que ele apagasse as imagens feitas. Ao mostrar quatro fotos e um vídeo ao agente, este teria repetido, enquanto rolava a tela do celular: “pro lixo, pro lixo”.

Depois, o policial teria perguntado: “E suas anotações? Eu quero ver o que você escreveu” e, mais tarde, “o Olha aí, identificando a nossa posição. Rasga essas duas folhas aí”. Vettorazzo alega que, ao negar as ordens do agente, este ficou irritado. “Estamos num momento especial por conta da Olimpíada. Não estou dizendo que vai acontecer, mas a ameaça [terrorista] é real”, teria afirmado.

De acordo com o repórter, ao manter sua posição, o policial ordenou: “bom, então risca essas informações aí. Já tá tudo na sua cabeça mesmo”, passando-lhe uma caneta. Vettorazzo conta que rasurou uma de suas anotações e, antes de ser liberado, teve seu crachá e identidade copiados pelo agente federal.