Governo investe menos em esgotos sanitários, diz pesquisador
Os investimentos estão muito aquém do necessário
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Os investimentos estão muito aquém do necessário
A água que entra pelos canos das casas nos municípios do Semiárido brasileiro e chega para cozinhar, lavar as mãos e beber vem recebendo mais atenção do que aquela que sai em forma de esgoto. A afirmação é do pesquisador e diretor do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Salomão de Sousa Medeiros, e tem por base um dado financeiro: dos R$ 262,7 milhões destinados aos serviços de água e esgoto, apenas R$ 93,6 milhões (35%) foram investidos no sistema de esgotamento sanitário, incluindo coleta e tratamento, em 2011.
“A maioria das casas que não são beneficiadas com a coleta de esgoto possuem fossas sépticas ou os moradores lançam os dejetos em valas a céu aberto. Essa situação não tem visibilidade, a não ser para a população daquela cidade. Isso traz impactos negativos para o meio ambiente, para a economia e para a saúde. No Semiárido, há um alto índice de internações por conta da falta de saneamento básico devido a doenças ligadas à água”, afirma o pesquisador.
Uma publicação lançada pelo instituto mostra que pelo menos 70% das 14 milhões de pessoas que vivem nas áreas urbanas dos 1.135 municípios localizados no Semiárido não são beneficiadas com esgotamento sanitário. Desse total, apenas 243 cidades (21%) possuem sistema de coleta de esgoto. No entanto, nem todos têm acesso a esse serviço. Das 7,3 milhões de pessoas que vivem nas áreas urbanas dessas cidades, somente 44% são beneficiadas.
“Os prestadores de serviços preferem investir mais no abastecimento de água do que no sistema de esgoto. Há municípios onde todos os bairros são abastecidos, mas a coleta de esgoto não existe. Esse problema reside estritamente na falta de investimentos. Precisamos avançar nisso e a população tem o papel de cobrar essa melhoria”, disse Medeiros. Segundo ele, a responsabilidade sobre a implantação e manutenção da coleta de esgoto está, em maioria, nas mãos das companhias estaduais, mas há também instituições privadas e serviços ligados às prefeituras.
Para o pesquisador, muitos desses órgãos municipais não são capacitados para angariar investimentos. “O governo federal, por meio do Ministério das Cidades e da Funasa [Fundação Nacional de Saúde], possui linhas específicas para executar obras de saneamento básico, mas a questão é que muitos municípios não têm estrutura física e técnica para elaborar esses projetos. Os prestadores de serviços, tanto privados como públicos, precisam dar maior atenção a isso. Os investimentos estão muito aquém do necessário.”
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