Projeto Tamar comemora aumento da população de tartarugas marinhas

 O grande destaque foi a tartaruga-oliva, encontrada no estado de Sergipe e no extremo norte da Bahia

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 O grande destaque foi a tartaruga-oliva, encontrada no estado de Sergipe e no extremo norte da Bahia

O projeto Tamar, patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental, está comemorando o aumento da população de cinco espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, que vivem em águas do Brasil – Caretta caretta (tartaruga cabeçuda), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva) e Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro).

“Foi uma alegria grande quando a gente pegou a última estatística”, disse nesta segunda-feira (8) à Agência Brasil o oceanógrafo Guy Marcovaldi, coordenador do Projeto Tamar. Nos últimos cinco anos, essas cinco espécies de tartarugas marinhas aumentaram em 86,7% seu contingente populacional. O grande destaque foi a tartaruga-oliva, encontrada no estado de Sergipe e no extremo norte da Bahia. Essa é a menor espécie de tartaruga marinha que aparece na costa brasileira, com peso entre 50 e 60 quilos.

Diferentemente das outras quatro espécies verificadas no Brasil, a tartaruga-oliva atinge a maturidade entre 11 e 16 anos, enquanto as outras começam a se reproduzir entre 20 e 30 anos de idade. A tartaruga de maior peso (700 quilos) é a tartaruga-de-couro, com população restrita ao estado do Espírito Santo.

Nos primeiros 15 anos de vida do Projeto Tamar, que completa 35 anos em 2015, Guy Marcovaldi relatou que foi sendo ampliado o esforço dos biólogos nas praias e multiplicada a ação geográfica. “Nós fomos conquistando novas praias para salvar mais tartarugas”. Nos 15 anos seguintes, houve maior conscientização ambiental, acompanhada de melhores técnicas para salvar e ampliar o número de nascimentos de tartarugas.

Em média, a população de tartarugas vinha aumentando em torno de 1 milhão de animais a cada cinco anos. “E nos últimos cinco anos, dobrou o número de filhotes e de fêmeas desovando, porque aquelas crianças que a gente viu nascer durante todos esses anos se transformaram em adultos e começaram a se reproduzir. Então, teve o que a gente chama em biologia de bloom [proliferação ou explosão]”. Com a última estatística, essa tendência se consolidou.

Nos primeiros cinco anos do projeto, a população de filhotes somava 83 mil tartarugas. No segundo quinquênio, já eram 764 mil, evoluindo no terceiro quinquênio para 1,6 milhão. Entre 1995 e 1999, o número alcançava 2,1 milhões, subindo para 3,1 milhões entre 2000 e 2004, e atingindo 4,5 milhões entre 2005 e 2009. No período recente de 2010 a 2014, “deu um pulo para 8,4 milhões”, disse o coordenador. Isso ocorreu, segundo ele, porque as praias brasileiras começaram a ser repovoadas pelas tartarugas jovens e com muita capacidade de reprodução.

Embora a nova geração de tartarugas marinhas seja um sinal de recuperação das espécies que incidem no Brasil, Marcovaldi salientou que “elas saíram da UTI, mas ainda não tiveram alta. Já não estão para morrer”, fazendo comparação com o ser humano. Isso significa que a curva descendente observada até o final da década de 1980 começou a se reverter e mostrar tendência ascendente, “se afastando da extinção”. Nos últimos cinco anos, essa curva “deu uma guinada para cima. Mas ainda não chegou a números que permitam a gente dizer que elas estão livres da ameaça de extinção”.

A população adulta de tartarugas fêmeas no Brasil soma em torno de 20 mil. Guy Marcovaldi estimou que para afastar por completo o risco de extinção, serão necessários “pelo menos” mais 35 anos de trabalho. Sediado na Bahia, o Projeto Tamar se estende pelos estados de Sergipe, Pernambuco, do Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, de São Paulo e Santa Catarina.

O coordenador aguarda a próxima estatística, que será divulgada em dois ou três meses, e indicará a reprodução ocorrida no último ano. A tendência, entretanto, só estará visível nos próximos cinco anos, concluiu.

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