PF começa a interrogar Cerveró, que planeja ficar calado
Interrogatório é o segundo a que ex-diretor da Petrobras é submetido desde que foi preso
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Interrogatório é o segundo a que ex-diretor da Petrobras é submetido desde que foi preso
A Polícia Federal começou a interrogar por volta das 15 horas desta quarta-feira o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. É o segundo interrogatório a que ele é submetido desde que foi preso, há duas semanas. Desta vez, o objetivo é confrontá-lo com acusações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, de que Cerveró recebeu propina para recomendar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, um negócio nebuloso em que a petrolífera perdeu mais de 700 milhões de dólares.
O advogado Beno Brandão, que defende Cerveró, disse pouco antes do depoimento que seu cliente vai permanecer em silêncio. Ele diz que essa é a nova estratégia de defesa até que seja julgado recurso contra a tramitação de processos contra Cerveró na Justiça Federal do Paraná.
Cerveró está preso na carceragem da PF em Curitiba. Ele foi detido pouco depois de retornar ao Rio de Janeiro de uma viagem para a Inglaterra. A prisão foi decretada porque a Polícia Federal e o Ministério Público Federal avaliaram que o ex-diretor tentava blindar seu patrimônio do alcance da Justiça. O episódio mais recente ocorreu no dia 16 de dezembro, quando ele tentou sacar quase 500.000 reais de um fundo de previdência privada. Dois dias antes, Cerveró tinha sido denunciado à Justiça Federal do Paraná sob a acusação de ter recebido mais de 30 milhões de reais em propina pela contratação de sondas da Samsung Heavy Industries. O ex-diretor é considerado um dos elos do PMDB na estatal e investigado por negociatas milionárias em que há suspeita de desvio de recursos públicos.
O resgate antecipado de um plano de previdência privada não foi a única operação atípica que motivou a prisão de Cerveró. Como revelou reportagem de VEJA, o ex-diretor morou por cinco anos em um imóvel registrado como propriedade de uma off-shore do Uruguai. Os investigadores suspeitam que o apartamento foi adquirido com recursos de origem ilícita e que Cerveró era o verdadeiro dono do imóvel, ocultando a propriedade para evitar problemas com a Justiça. Em junho do ano passado, o ex-diretor já tinha tomado outra iniciativa que, na prática, escondia bens do alcance da Justiça – ele transferiu três imóveis para os filhos.
Pouco depois de ser preso, Cerveró prestou um primeiro depoimento, em que negou ter dinheiro escondido no exterior e ter recebido propina pela contratação de sondas.
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