Em meio à crise política, governo tenta blindar Dilma

Estratégia do Planalto é descolar imagem da presidente de desgaste após prisão de Dirceu  

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Estratégia do Planalto é descolar imagem da presidente de desgaste após prisão de Dirceu

 

Embora já fosse esperada, a prisão do ex-ministro José Dirceu pegou nesta segunda-feira (3) de surpresa o Planalto por ocorrer justamente na volta do recesso parlamentar, em meio ao esforço do governo para tentar recuperar a governabilidade e melhorar o ambiente político. A estratégia do Planalto é tentar se descolar do episódio, em tentativa de blindar a presidente Dilma Rousseff desse desgaste.

O Planalto teme que a prisão de Dirceu sirva de combustível para as manifestações contra o governo marcadas para o dia 16, ao alimentar o sentimento antipetista, e para os pedidos de impeachment protocolados na Câmara. A preocupação é não deixar a Lava-Jato ofuscar ações “positivas” preparadas para os próximos dias, como a celebração, nesta terça-feira, dos dois anos do programa Mais Médicos.

Na segunda-feira, durante a reunião da coordenação política com a presidente, os participantes procuraram não tocar no assunto com Dilma. Mas, de acordo com um integrante do Planalto, houve comentários sobre o tema feitos por alguns participantes em conversas paralelas.

À noite, nas pouco mais de duas horas do churrasco oferecido aos líderes e presidentes de partidos no Alvorada, Dilma não falou sobre a prisão de Dirceu, mas o assunto dominou as conversas. O clima descrito pelos presentes era de muita preocupação com o desfecho político das investigações. Houve consenso de que o alvo final é o ex-presidente Lula. Em discurso, Dilma disse que ninguém deve temer o que vem pela frente:

— Na crise política, as instituições devem ser preservadas. Devemos fazer nossa travessia sem medo. Eu não tenho medo. Eu aguento pressão , eu percebo o que está acontecendo, ouço para mudar e melhorar.

Dilma também pediu que os aliados enfrentem com altivez as pautas difíceis que serão votadas no Congresso:

— Da estabilidade fiscal eu não arredo o pé. Não quero que votem como carneirinhos, mas como uma base corajosa em nome do Brasil e para o Brasil.

 

Conteúdos relacionados