Corregedoria investiga 19 suspeitos de envolvimento em ataques em SP
Dezoito dos investigados pelas mortes em Osasco e Barueri são PMs
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Dezoito dos investigados pelas mortes em Osasco e Barueri são PMs
A Corregedoria da Polícia Militar investiga 19 suspeitos de envolvimento nos assassinatos ocorridos em Osasco e Barueri em 13 de agosto. Dezoito dos investigados são policiais militares, informou o SPTV neste sábado (22). Os ataques nos municípios da Grande São Paulo deixaram 18 mortos e seis feridos.
São investigados dois cabos, cinco sargentos e 11 soldados. Os policiais suspeitos moram em Osasco, Barueri, São Paulo e um em Sorocaba. Além deles, o marido de uma PM também é investigado. Foram expedidos mandados de busca e apreensão contra os 19 suspeitos. A polícia está em busca de provas como armas, celulares e computadores.
Duas vítimas que sobreviveram a um dos ataques foram ouvidas pela Corregedoria. No depoimento, elas disseram que viram um carro da PM acompanhando o veículo prata em que estavam os atiradores que agiram em Osasco. Segundo as testemunhas, os policiais estavam dando risadas dentro do carro.
As vítimas disseram ainda que um carro da corporação passou pelo local do ataque 20 minutos antes. Uma delas contou que ouviu falar que policiais voltaram para recolher cápsulas que caíram das armas depois dos disparos.
Segundo a Corregedoria, ficou demonstrado por meio de ocorrências que se trata de um grupo organizado com clara intenção de vingança, o que significa que pode se tratar de um grupo de extermínio que atua na região de Osasco.
Os dez ataques aconteceram depois da morte de um policial militar em Osasco e de um guarda metropolitano em Barueri. Durante a investigação, a Corregedoria ouviu 54 PMs que atuam nas regiões onde ocorreram as mortes.
A Corregedoria estranhou que sete policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) foram liberados do serviço às 23h em vez de irem para os locais onde a chacina tinha acabado de acontecer. Todos saíram e foram para o mesmo bar.
Declaração da OEA
Em uma declaração divulgada nesta sexta-feira (21), a Organização dos Estados Americanos (OEA) condena os assassinatos e “insta o Estado a que prossiga as investigações iniciadas, esclareça o ocorrido e identifique, processe e puna os responsáveis, bem como a que adote medidas para que esses fatos não se repitam”.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) reagiu à declaração e disse que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) cometeu “graves erros” ao citar o número de homicídios praticados por policiais. O governo alegou ainda que a falha mostra “desinformação” e “precipitação” por parte da OEA.
“Importante, porém, salientar os claros e graves erros do restante da nota da CIDH, tanto no tocante ao número de homicídios praticado por policiais, quanto no percentual de investigações e análises pela Justiça. Infelizmente, essa falha da CIDH mostra total desinformação derivada de precipitação, ao se basear somente em matérias jornalísticas e não em dados que poderia facilmente ter obtido junto aos Poderes Executivo e Judiciário”, disse o governo paulista em nota oficial enviada na manhã deste sábado (22).
Na declaração, a OEA usou dados sobre mortes em “massacres em São Paulo” e afirmou que os números indicam aumento em relação ao ano passado. A comissão também exigiu que o Brasil esclareça o ocorrido, identifique e puna os responsáveis pelos ataques em série.
Já em nota oficial, o governo também defendeu que a manifestação da CIDH é idêntica ao posicionamento imediato da SSP no sentido da investigação e esclarecimento dos ataques em série, e citou a criação de uma “força-tarefa” com policiais civis, peritos criminais e médicos legistas. A pasta também ressaltou que índice de homicídios é o aceitável pelas organizações internacionais, sendo 9,38 por 100 mil habitantes.
Questionado em coletiva de imprensa em São José do Rio Preto (SP) neste sábado sobre a declaração da OEA, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse apenas que todos os policiais estão empenhados na apuração, identificação e prisão dos criminosos, e não comentou a respeito da exigência. “As investigações estão adiantadas, mas não quero antecipar nada porque pode prejudicar o trabalho policial. Por isso, vamos deixar apenas a Secretaria de Segurança Pública do estado falar sobre o caso.”
Ataques em série
No dia 13 de agosto de 2015, 18 pessoas foram mortas e seis ficaram feridas em ataques realizados por indivíduos armados em 10 lugares próximos, em um espaço de tempo de ao menos três horas, nas cidades de Barueri e Osasco, ambas na Grande São Paulo.
De acordo com alguns testemunhos e gravações de câmeras de segurança, um grupo de pessoas armadas usaram veículos para se locomover entre os lugares, perguntaram sobre antecedentes criminais e atiraram. Segundo as autoridades, um mesmo veículo teria sido visto em vários dos lugares onde ocorreram os crimes.
No comunicado, a CIDH informou que uma das linhas de investigação é “o possível envolvimento de membros da Polícia Militar (PM), no que teria sido uma suposta represália pelo assassinato de um policial dias antes”.
Segundo dados oficiais usados pela comissão, 56 pessoas foram mortas em massacres em São Paulo em 2015. Os dados entregues pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SP) ao Instituto Sou da Paz por meio de uma solicitação de acesso à informação indicam que isso representa um aumento em relação ao ano anterior, quando foram registradas 49 mortes em massacres em todo o ano.
A Comissão disse “tomar nota” das declarações do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que classificou os incidentes como “gravíssimos” e disse que as autoridades tentarão esclarecer “o mais rápido possível”.
Além disso, tomou nota das declarações públicas do secretário de segurança pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, que assinalou que este foi “o pior massacre deste ano” no estado, e anunciou que as autoridades atuarão “rapidamente para capturar todos” que forem responsabilizados.
A CIDH exigiu a continuidade das investigações iniciadas de maneira “pronta, objetiva e imparcial”, e que sejam seguidas “todas as linhas lógicas de investigação”, incluindo a hipótese de que os possíveis autores possam ser oficiais de forças de segurança do estado.
A investigação “deve esclarecer as causas que conduziram a estes graves casos de violência, identificar, processar e punir os autores e satisfazer as expectativas de justiça das vítimas e seus parentes”.
O estado deve, segundo a CIDH, adotar todas as medidas legais, institucionais e administrativas que forem necessárias para garantir que casos como esses não se repitam.
O Profissão Repórter mostrou que depois do assassinato do policial, na madrugada seguinte, num espaço de cinco horas, houve cinco mortes na cidade e mais uma no dia seguinte.
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