Bahia tem centros de acolhimento para crianças durante o carnaval

A prefeitura de Salvador adaptou o espaço de quatro escolas municipais para a criação dos centros

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A prefeitura de Salvador adaptou o espaço de quatro escolas municipais para a criação dos centros

Enquanto muitos turistas e moradores desfrutam do carnaval de Salvador, divertindo-se e caindo na folia, outros aproveitam para trabalhar no meio da multidão. É o caso de ambulantes que vendem adereços, bebidas e comidas; dos cordeiros, pessoas que fazem a separação dos blocos; e dos catadores de latas. Para eles, o período de carnaval é uma oportunidade de aumentar a renda.

Como esse tipo de atividade não tem hora para começar, nem para terminar, muitos trabalhadores acabam levando os filhos para os postos de venda, no meio do circuito de carnaval, por não ter com quem deixar os pequenos. E, como as crianças podem ficar expostas à violência, ao barulho, ao cansaço e à exploração, a prefeitura de Salvador adaptou o espaço de quatro escolas municipais para a criação de centros de acolhimento de crianças e adolescentes, filhos de vendedores ambulantes.

A creche municipal do Bairro de Calabar, próximo a um dos circuitos de carnaval, tornou-se um dos centros de atenção para essas crianças. No local, foram montadas salas de sono, de banho, lanche, almoço e de brinquedos. Além disso, uma equipe de assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, enfermeiros e nutricionistas prestam atendimento a mais de 60 crianças, 24 horas por dia. Em alguns casos, os pais deixam os filhos no local e só buscam na Quarta-feira de Cinzas, período em que se encerra o acolhimento.

A assistente social Mara Núbia faz parte da coordenação do projeto e explica que, a partir do momento em que essas crianças estão na rua, acompanhando os pais, elas já estão em situação de vulnerabilidade. “É justamente com esse propósito que surgiram essas unidades de acolhimento, para que nós pudéssemos fazer garantir o direito dessas crianças, de estarem abrigadas, acolhidas e protegidas”, explica.

A pequena Yasmin, de 6 anos, conta que prefere estar no abrigo divertindo-se em vez de acompanhar a mãe, que vende cachorro-quente em um dos circuitos de Salvador. “Se estivesse com minha mãe, estaria sentada o dia todo. Está melhor aqui porque aqui tem mais diversão. Eu brinco, merendo, como, durmo e também tomo café”, conta a menina do bairro de Cajazeiras, no subúrbio de Salvador.

A vendedora ambulante Sandra Santana conta que já levou o neto em outros carnavais para o meio da multidão. Desta vez, ela preferiu deixá-lo com a família. Mas ela recomenda aos colegas que não tiverem essa opção que deixem os filhos em um abrigo. “Aqui [na rua, no meio da folia], a criança está exposta a tiro, facada, a perversidades. Ou até pode ser raptada. Nesta festa tem tanto gente boa, como gente ruim. Lá nos abrigos, elas são bem tratadas, porque tem assistente social, psicólogo, tem tudo para cuidar delas”.

O último levantamento da prefeitura de Salvador mostrou que, em um único dia, quase 900 crianças e adolescentes foram abordados sozinhos ou acompanhados dos pais, nos circuitos do carnaval. Trinta deles estavam fazendo algum tipo de trabalho, como catar latas, o que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

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