Assembleia da CBF define tempo de mandato de presidente da entidade

O mandato normal será de quatro anos

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O mandato normal será de quatro anos

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu limitar o tempo de mandato na presidência da entidade, que será de no máximo oito anos. O mandato normal será de quatro anos, com possibilidade de mais um período em caso de reeleição. A decisão foi tomada em assembleia extraordinária, com participação da diretoria e de 27 presidentes de federações estaduais, hoje (11), na sede da CBF, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

Apesar da decisão por unanimidade, houve diferença de entendimento sobre a aplicação em relação ao presidente Marco Polo Del Nero. Ele assumiu este ano, e pela regra atual encerrará o mandato em 2019. Para o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, após este período ele terá direito apenas à reeleição, podendo ficar à frente da entidade até 2023 se reeleito.

“A experiência que eu tenho quando um governador assume, mesmo que seja por dez meses ou dois anos, em substituição, ele tem aquele mandato que falta e mais um mandato. É muito claro no artigo que foi aprovado, que é um mandato e uma reeleição valendo para todos”, esclareceu Feldman.

O vice-presidente da entidade, Marcus Vicente, teve a mesma interpretação. “Um mandato com direito a uma recondução. Vale a partir de agora. Inclusive, há uma recomendação expressa no próprio estatuto que votamos hoje, de que as federações acompanhem a decisão”, ressaltou.

Mas o presidente da Federação Gaúcha, Francisco Noveletto, avaliou que a regra só será aplicada após o cumprimento do mandato atual, o que permitiria que Del Nero ficasse no cargo até 2027. “Uma mais uma. Não vale a que já está em vigor”, disse.

Ele também não teve o mesmo entendimento com relação à escolha do sucessor do presidente. “Vai ser votado o primeiro vice e segundo vice, não é mais o mais velho [pela regra atual é o vice-presidente mais velho que substitui] que assume”, apontou. Mas, de acordo com Feldman e Marcus Vicente, o assunto não ficou definido na assembleia. “Esse assunto não foi tratado, e não estava na pauta. Vai ser tratado na hora certa, se houver necessidade”, disse Vicente.

Feldman destacou que outro ponto importante aprovado na assembleia foi a exigência do presidente Marco Polo, de que a partir de agora todos os contratos, convênios e acordos sejam assinados também pelo diretor financeiro e pelo tesoureiro da entidade, “de tal forma que sempre haja duas assinaturas para que a gente tenha maior controle e maior transparência”, indicou.

A assembleia decidiu ainda criar três comissões. Uma, nacional permanente, dos clubes brasileiros, formada neste momento por nove clubes: cinco da Série A, dois da Série B, um da Série C e um da Série D. “Todo o sistema do futebol brasileiro neste momento passa a ter um papel de presença permanente para discutir, independentemente, de forma autônoma, os seus problemas”, analisou Feldman.

Haverá uma comissão de ética, que terá três membros com reputação ilibada e conhecimento técnico, “para que possam, os três, decidirem questões éticas levantadas em relação a jogadores, dirigentes e treinadores. Todos aqueles que fazem parte do sistema futebol”, revelou o secretário.

A terceira comissão, chamada de Comitê de Governança e Conformidades, segundo Feldman, criada por uma orientação da empresa de consultoria Ernst &Young, terá não apenas a implantação do sistema de governança e conformidades, mas também acompanhamento rigoroso de todas as mudanças a serem feitas. As mudanças aprovadas na assembleia entram em vigor a partir da publicação no site da CBF.

Feldman informou ainda que em nenhum momento foi discutida a possibilidade de renúncia do presidente Del Nero. “Ninguém perguntou. Muito pelo contrário, todas as federações disseram que estamos unidos e organizados para responder a todas as questões levantadas. Não houve nenhuma cisão no sistema de futebol brasileiro”, destacou.

O secretário acrescentou que a CBF tem apresentado todas as informações necessárias para esclarecer as denúncias de propinas contra o ex-presidente José Maria Marin, preso na Suíça. “Temos insistido muito que as mudanças na gestão de Marco Polo se iniciaram no seu discurso de posse e logo nos primeiros dias. Assinamos com a Ernst & Young, no dia 22 de maio, muito antes de acontecerem esses episódios, e ele já nos primeiros dias nos pediu que fizéssemos uma revisão dos estatutos. Então, segue em ritmo normal. Fomos ao Congresso Nacional, apresentamos documentos ao Ministério Público, ao Ministério da Justiça, não temos nada a temer”, assegurou. De acordo com Feldman, o presidente Marco Polo tem dito que as mudanças não chegaram ainda nem a 10% do que pretende na sua gestão.

Os clubes saíram fortalecidos. Feldmam disse que os conselhos técnicos já elaboraram o mecanismo das competições, a questão dos preços dos ingressos, toda a estrutura de funcionamento dos campeonatos. A grande mudança é que a partir de agora a CBF não terá direito a veto. O que os clubes decidirem será mantido e respeitado pela CBF. “Regulamentos específicos das competições, que não estejam em contradição com o regulamento geral das competições brasileiras, sem dúvida eles poderão ter liberdade para decidir”, explicou. A alteração, no entanto, não se estende à definição de calendários das competições.

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