Em uma área de 412 hectares – o equivalente a 41 mil e 200 metros quadrados – e ao lado da sede do município de Corguinho (MS), o AgroDakila é um projeto que reúne agricultura e pecuária com a pesquisa científica e a capacidade de inovação em modelos de negócios do Ecossistema Dakila.
Nascido do sonho de Urian Fernandes de Oliveira de aliar agronegócio com sustentabilidade e desenvolvimento social, o AgroDakila tem seu início em uma visão, um insight, de Urian. “Meu pai me trouxe para ver a nova propriedade, e, ali da porteira vi o local recheado de plantação de soja. Na hora, manifestei isso a ele, que me perguntou como eu faria isso. Eu respondi: ‘Não sei, mas assim é que vai ser’,lembra Urian.”
Pouco mais de um ano depois da epifania de Urian, que vivia em São Paulo e era estudante de mecatrônica, a “fazenda” já se prepara para colher 110 hectares de soja, 3 hectares de milho e 3 hectares de arroz sequeiro, em parceria com a Associação Dakila. O arroz leva esse nome por ser cultivado num sistema sem irrigação. Já o milho foi cultivado com o enriquecimento do solo com o ouro monoatômico, produto da terra que tem propriedades antioxidantes para proteção das células e rejuvenescimento. Todo o processo contou com o acompanhamento e assistência de pesquisadores e técnicos de Dakila Pesquisa. O ouro monoatômico é extraído da Argila Kimberlito e diluída em pó no adubo utilizado no plantio do milho.
Nos dias atuais, estão sendo feito trabalhos de preparo do solo para que se chegue a 200 hectares de cultivo do soja, e, logo após a colheita da safra 2024/2025 – prevista para o dia 20 de março. A soja a ser colhida é da variedade bônus, ou seja, o tipo de cultura do soja ideal para solos como o de Corguinho, de baixa altitude, de grande calor e de chuvas irregulares, além de se adaptar melhor ao solo arenoso.
No entanto, para viabilizar a agricultura em uma região atípica e sem vocação, em uma área degradada e com experiência apenas de agropecuária antiga, foi necessário o manejo do solo. Em 2025, serão utilizadas Técnicas Regenerativas de Agricultura Tropical, que é estruturada sobre pilares conservacionistas e com potencial de acumular carbono orgânico no solo, aumentando sua capacidade de retenção de águas e nutrientes, contribuindo assim para o sequestro de carbono atmosférico, que contribui decisivamente par ao aumento da produtividade. Para isso, vão ser usados resíduos da própria fazenda, como restos de árvore que serão triturados para a feitura de um composto orgânico juntamente com outros materiais, como por exemplo, esterco dos animais, dando muito mais vida ao solo.
O AgroDakila conta com o acompanhamento da empresa Solo Agro, que faz a assessoria necessária quanto ao manejo, correção de solo, aplicação correta do calcário, entre tantos. Inserido na comunidade local, o Agro Dakila também contribui com o desenvolvimento econômico e social da região, com a utilização de mão de obra, uso de oficinas, ferramentas e utensílios, materiais de construção e outros produtos e serviços.
Urian também fala, entusiasmado, que outra grande preocupação e cuidado do AgroDakila é quanto a qualificação de pessoal. Em parceria com a Sigma Profissões, empresa catarinense, são promovidos cursos e aprimoramento profissional para operadores das máquinas – tanto os da linha amarela ( escavadeiras, retroescavadeiras, patrolas)quanto para a verde, usados na agricultura. Acontecem também treinamentos para uso adequado de equipamentos de segurança do trabalho, e dentro das normas vigentes.
Expansão
No momento, segundo Urian Fernandes de Oliveira, AgroDakila vem trabalhando no projeto da instalação dos pivôs para a irrigação do solo, o que vai permitir o fornecimento de distribuição da água e de fertilizantes de maneira controlada e inteligente e consiste em uma estrutura metálica e várias torres, que se movimentam de acordo com o tempo definido. Isso vai proporcionar a adição de ao menos mais duas culturas na área, como o sorgo e o feijão, além da pecuária, já em meados deste ano. Segundo Urian, a pecuária já está em teste em pequeno lote, e a partir de junho ou julho já será possível a utilização do ILP – Integração Lavoura e Pecuária, em uma rotatividade planejada e inteligente que contribui decisivamente para a recuperação do solo.
O futuro não é mais como era antigamente
Agora, com a efetivação de AgroDakila, Urian já pode planejar o futuro. Para isso, já começa a participar de um programa da empresa norte-americana Aloro, para completar todo o processo de Agricultura Regenerativa no local, e posterior venda de Créditos de Carbono, que nada mais é que uma forma de receber recursos de empresas ou mesmo nações que extrapolou sua emissão de poluentes na natureza, nesse caso, com uso correto dos recursos naturais.
“Vamos entrar com força nessa parte de produção verde, ou produção limpa. A gente precisa cuidar da natureza, e aqui a gente tem toda a demarcação de reserva. Todas as empresas com as quais trabalhamos são licenciadas, cumprimos o protocolo de todo os órgãos públicos e eles fazem o acompanhamento. Ou seja, estamos dentro ‘dentro dos conformes’, dentro da lei”, afirmou.
Ainda nessa área, Urian diz que o Mato Grosso do Sul ainda é muito carente em agropecuária sustentável, mas que AgroDakila pretende ser piloto, ser vanguarda já reduzindo o uso de produtos químicos, e em parceria com a empresa Solumil finalizam a instalação de um laboratório de biofertilizantes na fazenda, para controlar pragas. “Já fiz algumas viagens em fazendas que fazem isso, em Goiás e aqui em Dourados, e vamos caminhar a passos largos para isso, comemora. Em termos energéticos, ele explica que AgroDakila, a partir deste ano, começa a transição para a energia solar, com uma mini-usina. Quanto aos combustíveis, conta que as máquinas da fazenda já utilizam o biodiesel, que é mais ecológico e menos poluente.
Com a proximidade da colheita da safra, Urian Fernandes de Oliveira avisa que em breve fará a distribuição e divisão proporcional dos lucros – de acordo com o investido – para as empresas do sistema de Dakila e os associados particulares.
Urian também comentou sobre sua fase de adaptação à nova realidade que a missão o impôs. O menino totalmente urbano, que vivia em uma região metropolitana, que passa a viver no interior de Mato Grosso do Sul, em uma cidade muito menor do quê o bairro em que vivia na capital paulista. “Eu demorei a entender a relatividade do tempo aqui. Lá em São Paulo, o tempo parecia passar mais depressa, dada a correria do dia a dia, do trânsito e da vida. Aqui, vejo o tempo passar calmamente, e para ser sincero, o que mais estranhei e não me acostumei ainda é que aqui tudo fecha para o almoço, mas o AgroDakila, não” brinca Urian.
E assim, seguem os trabalhos em AgroDakila, que apenas começaram. Ainda estão por vir novos e grandes investimentos, que redundarão em grandes produções, com a aplicação de técnicas oriundas de pesquisas que Dakila desenvolve, e que possibilitará oferecer alimentos mais saudáveis, que contribuam com a saúde e porque não dizer, o prolongamento da vida, o que se configura em grande contribuição para a humanidade. A incansável e competente equipe de AgroDakila não para, e para contentamento do jovem Urian, nunca fecha para o almoço.
Esta matéria é de responsabilidade do jornalista Rogério Alexandre Zanetti.