Aristóteles Drummond

 A esta altura,  parece estar definido qual a postura do governo em relação aos rumos do país nos seus mais diferentes segmentos para os próximos anos.

Na política externa, a opção é pelo eixo Rússia-China, com restrições aos EUA, dentro da tradição de nossas esquerdas. E o apadrinhamento aos bolivarianos falidos, como Argentina, Nicarágua e Venezuela. Vai tentar repassar recursos do Erário para financiar vendas para estes países sem crédito internacional. Na invasão à Ucrânia, Lula tentou ser ator, mas hoje não teria aceitação alguma que não em Moscou.

Na economia, quer que o setor privado pague mais impostos, empregue mais e tenha menor rentabilidade. Recorre a ultrapassadas medidas como esta do carro popular, como se para o trabalhador fizesse diferença um automóvel custar 90 ou 70 mil reais. Sem noção da realidade. É intervencionista de origem. Pode acabar no controle de preços. Está no DNA d esquerda.

Na administração pública, tem sido claro em optar pelo aparelhamento do Estado, na tolerância com a burocracia que impede projetos empresariais relevantes, como a ação do Ibama, que inibe a presença do setor privado em áreas de preservação, deixando que sejam ocupadas de forma irregular. A experiência internacional – e nacional – é que o privado preserva mais e melhor e a menor custo para o poder público.

Ao que parece, o Legislativo terá de reagir a opção feita para governar com amparo em decisões judiciais. Quem elabora leis a serem obedecidas é o Legislativo e este, ao que tudo indica, não vai ceder à ideologia de esquerda. O Legislativo, como o povo, é conservador.Com este ambiente hostil ao capital a conta vai chegar.

A orientação geral deve estar sempre afinada com os sindicatos e movimentos sociais, como MST e suas versões urbanas, além das bases da coligação de esquerda.

É o Lula verdadeiro, queiram ou não. Não iludiu a sociedade, sempre foi contra privatizações, a favor do uso ideológico dos recursos públicos e da tolerância com grevistas, manifestantes e com os casos de corrupção ou falta de decoro. Boas relações com Maduro e Ortegaexplicam.

Continua a se beneficiar da graça de ter enfrentado um equivocado primário como Bolsonaro, que reforçou a derrota eleitoral negando a lisura inquestionável das urnas eletrônicas e permitiu, no mínimo, que seus adeptos perdessem o juízo. Pecou no 8 de janeiro pela omissão irresponsável, por ter abandonado o país.

O Brasil parecia estar pronto a se tornar o grande país com que todos sonhávamos quando fomos atropelados por um segundo turno em que o eleitor não sabia qual seria o pior para todos. Naquele dia, era difícil uma escolha acertada. Embora o tosco trapalhão fosse menos perigoso para a estabilidade econômica e mesmo institucional, seria demais pedir bom senso aos 38 milhões que não quiseram votar em um ou outro.

Uma crise parece inevitável!