Após mais de dois anos de espera, com uma pandemia no meio do caminho, Odete Leal, 66 anos e Nilton César da Silva, 67 acordaram cedo na última quarta-feira (13). Com as matulas prontas, eles deixaram o conforto da casa e foram praticamente os primeiros a chegar às margens do Parque do Lago em busca de lazer, novas amizades e alguns quilos de peixe.

Apesar da chuva fina, mas intensa que desabava sobre a cidade, o casal de antigos namorados, logo se ajeitou em um dos barrancos com ‘cadeiras de praia' e muita paciência. “Foi preciso muita coragem e amor para estarmos aqui e fazer o que a gente mais gosta: Jogar conversa fora, namorar e pescar”, relata Dona Odete, que não escondia a felicidade estampada no rosto.

O contentamento de Nilton também não era diferente. Bastante animado, o aposentado exaltava a sorte da companheira de pescaria por mais de 46 anos. “Parece que ela tem um ima que atrai os peixes. Foi só agente chegar e jogar a linha na água que os pacus já começaram a morder a isca”, conta o marido à reportagem do Midiamax.

Segundo ele, ao longo de um casamento que gerou três filhos e seis netos, sempre que podem os dois rumam em busca de um rio ou algum pesqueiro. “Sempre foi assim e assim será até o dia que Deus permitir”, ressaltando que a mulher é pé quente. “Em todos os lugares que a gente vai ela é considerada a rainha da fisgada”, explica o apaixonado marido.

Sem esconder a modéstia, qualidade bastante comum no idioma de bom pescador, Seo Nilton se intitula ‘anzol nervoso'. “Ela é muito boa, mas eu sou melhor. Sou tão bom nesse ramo que entre os peixes que já consegui pegar, Odete é o meu maior troféu”. Com brincadeiras à parte, os dois fazem pose na hora de exibir dois dos sete peixes conseguiram retirar do lago.

Nem mesmo a chuva barrou pescadores (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Longa espera

Em outro ponto do parque Antenor Martins, que recebeu três toneladas de pescado, Luís Sanches, também mostra os dois tambaquis e um pacu que irá reforçar o almoço de Páscoa.  Ele é trabalhador da construção civil e disse que iria aproveitar a para relaxar e também fazer uma economia no orçamento do mês.

Independente da longa espera, Luís acredita comemora a reabertura do local para pescaria. “Esse é um lugar agradável onde a gente pode curtir a natureza e ainda rever amigos”. Ali perto, Carlos Mendonça reclama da sorte. “Já estou aqui há algumas horas e só levei picadas de mosquitos. Mas mesmo assim não vou desistir. Pelos damos muitas risadas”, comenta Carlos.

Entre um gole de água e algumas postagens, um adolescente ainda desajeitado na hora de colocar a isca no anzol, aproveita para fazer piada da própria falta de sorte. “Eu não peguei nada ainda, mas meu amigo também não, pelo menos não vou sair daqui como pé frio sozinho. Tem mais gente que está na mesma situação que eu”, brinca o rapaz.

Enquanto o peixe não morde o anzol, amigos se divertem. (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)