Prazo era de três dias e já expirou

Quem observa apenas o sorriso no rosto e a serenidade, de quem sequer completou três anos de vida, não imagina as'lutas' que o pequeno Vitor Gustavo Chaves leite, de 2 anos, trava todos os dias para sobreviver. Com uma doença cardiovascular grave e rara, ele necessita de tratamentos especiais e possivelmente de cirurgia, direitos que já foram concedidos pela justiça, porém, a liminar expedida na última sexta-feira (22) – que deveria ser cumprida em três dias – ainda não ainda não foi exercida. 

Mãe de Vitor, Clarice Martins Chaves, de 30 anos, é funcionária pública em Nova Alvorada do Sul, cidade a 120 quilômetros de , onde a família mora. Ela diz que as batalhas para garantir a saúde do filho começaram depois que a doença foi descoberta, há um ano e dois meses. Na ocasião, o menino estava com um ano e sete meses. 

“Quem desconfiou do problema de saúde foi um hematologista. Fizemos uns exames e ele percebeu que tinha algo diferente e me encaminhou para um cardiologista. Meu filho fez mais exames que confirmaram uma doença chamada tronco arterial comum, uma cardiopatia grave e rara”, relata.Vitor ao lado da mãe

Depois do diagnóstico, o menino foi encaminhado para Santa Casa de Campo Grande. A mãe diz que o filho ficou internado por 10 dias e que nesse período realizou uma série de exames, porém, não havia condições de fazer o tratamento adequado. 

“Encaminharam meu filho para um Hospital em Belo Horizonte. Foram mais 10 dias de internação e despesas porque o poder público no deu apenas a passagem e tudo isso para chegar ao último dia de internação e nos informarem de não iriam fazer a cirurgia e que ele faria apenas o tratamento ambulatorial. Se fosse apenas isso, ele continuaria na Santa Casa, não precisaria ir para lá”, observa.

Clarice diz que em Campo Grande o filho passou a ter crises de hipertensão pulmonar, mas em contato com uma médica da Beneficência Portuguesa, foi informada de que por conta da doença Vitor corre o risco de não atingir a vida adulta. 

“Ele fez exames, a médica emitiu um relatório explicando o  Beneficência Portuguesa tem equipe especializada para fazer a cirurgia e que quanto mais o tempo passa, pior fica a situação dele. Entramos com a liminar e conseguimos deferimento, não a ordem do juiz não foi cumprida. Estamos com abaixo assinado, não vou ficar esperando meu filho morrer sabendo que tem solução”, frisa. 

Cumprimento de liminar –

Sobre o assunto, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Nova Alvorada do Sul afirma que ofereceu atendimento ao paciente, porém, devido ao estado de saúde, o menino teve de ser transferido para a Santa Casa e posteriormente ao hospital em Belo Horizonte. 

A assessoria de comunicação destaca que custeou o transporte e observa que a cirurgia não foi realizada por decisão médica e que depois disso a mãe do paciente ajuizou a com um laudo médico do Hospital da Incor (Instituto do Coração) – Beneficência Portuguesa, atestando que tinha condições de realizar o procedimento, porém no particular, o que foi determinado pelo juiz.

Em nota, a Prefeitura diz que foi notificada na segunda-feira (25) e quem tem até sexta-feira (29) para se posicionar sobre o caso, porém, adianta que a reserva da vaga e o encaminhamento junto ao Incor – Beneficência Portuguesa só pode ser feito pelo Estado de MS, que é quem tem competência para operar o sistema nacional de encaminhamento de pacientes de alta complexidade.

Por fim, a assessoria ressalta que comunicou formalmente o Estado cobrando o encaminhamento e espera a autorização para transportar o paciente, com acompanhamento médico e UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) móvel, se necessário.

A assessoria de comunicação do governo do Estado também foi procurada pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax e informou apenas que aguarda notificação.  

Uma reunião será realizada nesta quinta-feira (28), na Defensoria Pública de Nova Alvorada do Sul.