Yago deixou o hospital com 3,5 quilos e 51 centímetros

Entre sorrisos de alívio e lágrimas de alegria, Yago deixou a maternidade da Santa Casa de Campo Grande na manhã desta terça-feira (21), para, finalmente, ir para casa. Em 10 meses de hospital, ele enfrentou intercorrências severas na saúde, correu risco de morte, mas lutou bravamente e venceu.

O desafio deste pequeno guerreiro, como os próprios médicos o classificam, começou quando a mãe dele, Renata Souza Rocha, sofreu um AVC e foi internada na Santa Casa, no dia 27 de janeiro deste ano. Após a equipe médica constatar a morte cerebral, a decisão foi de manter o corpo funcionando para continuar com a gestação de Yago, que estava no quarto mês.

Após 61 dias, Yago foi retirado da barriga da mãe. Os aparelhos que mantinham os órgãos dela em funcionamento foram desligados e as medicações também foram interrompidas. Renata se despediu para sempre, de vez.

Para Yago, que veio ao mundo prematuro, com 27 semanas e 3 dias, 34 centímetros e 1,5 quilo, a vida começava ali. E ele precisou ser forte para enfrentar tudo o que ainda passaria.  O bebê foi mantido em uma incubadora até o dia 30 de agosto, quando recebeu alta da UTI Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva) e foi transferido para a Unidade Intermediaria, de onde saiu hoje.

Novo lar

Yago deixou o hospital com o pai, Eduardo de Noronha, 25 anos, e a avó materna, Adriana de Souza, 45 anos, para ir para casa. “Está tudo arrumadinho lá para ele lá em casa, o quartinho, e a família toda está muito ansiosa para chegada dele”, diz a mãe de Renata, com o neto no colo.

Eduardo não conteve as lágrimas, que sempre estavam acompanhadas por um sorriso largo. “Ele é um exemplo pra mim, é forte, e eu sou muito grato por sair daqui com meu filho nos braços”, desabafa.

Em clima de emoção, Yago recebe alta e vai para casa com a avó e o pai

Yago deixou o hospital com a idade corrigida de quase 6 meses, com 3,5 quilos e 51 centímetros, segundo o médico neonatologista Walter Peres.  “Os exames neurológicos estão normais, mas como todo bebê prematuro, ele ainda requer cuidados”, ressalta.

Saúde

No tempo que esteve no hospital, Yago passou por três cirurgias, enfrentou três infecções e adquiriu uma intolerância alimentar. Hoje, depois de vários testes, a equipe médica encontrou um alimento que o corpo de Yago não rejeita: o suplemento Aptamil, da Danone, que custa em média R$ 75 a lata com 800 gramas, suficiente para sustentar o bebê por uma semana.

A família ganhou 15 latas dessas, que foram arrecadadas através de vaquinha feita por médicos e funcionários da Santa Casa, que se solidarizaram e também se apegaram ao bebê. Segundo a neonatologista a Claudia Perez, Yago ainda precisa de cinco medicamentos de alto custo.