Bebê foi mantido na barriga da mãe com morte cerebral

Bebê deixou UTI Neonatal e vai para Unidade Intermediária (Fotos: Wendy Tonhati)

Nesta quarta-feira (30), um dia antes de completar 5 meses de nascimento, o – que foi mantido na barriga da mãe com morte cerebral- teve a primeira alta médica e saiu da UTI Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva) para a Unidade Intermediaria. Olhando para Yago, pai e a avó dizem ver a mãe do bebê, Renata Souza Rocha. “Ele, para mim, é a continuação dela. É muito parecido com ela. É ativo, esperto e já tem opinião própria”, diz Eduardo Noronha.

Médicos e pacientes se emocionaram​Yago parou o primeiro andar onde está a UTI Neonatal. Foram pacientes curiosos sobre o ‘bebê Yago' e funcionários que acompanharam toda a luta do bebê e não seguraram as lágrimas. Mesmo sabendo que ainda não vai levar o filho nos braços para casa, Eduardo diz que a alegria não tem tamanho.

“Minha vida é aqui. Larguei tudo há sete meses, no dia 27de janeiro [quando Renata foi internada]. É uma alegria imensa, porque estamos perto de ir para casa. Tivemos momentos muito difíceis, foi uma batalha, mas ele surpreendeu a todos, evoluindo e se firmando”, diz o pai.

Yago chora e reclama quando perde a chupeta, mais uma das provas, segundo família, da personalidade do bebê. Ao falar de Yago, a avó Adriana de Souza Avalos, também lembra da filha, que tinha personalidade forte. “É a Renata escrita. Está todo mundo feliz. Não acreditava que seria tão rápido. Vou mimar o máximo que eu posso”, diz a avó.

 “Vai ficar para nós, dia após dia, a admiração. Ele é um guerreiro. Foi muito forte, assim como a mãe foi guerreira. Vai ser muito mimado mesmo, afirma Eduardo”

 

 

Evolução

Yago nasceu com 1.050 kg e está com 1.685 kg e 43,8 centímetros. Ele só poderá ir para casa quando estiver pesando dois quilos e respirando sozinho, sem nenhuma ajuda de aparelhos. Ainda não é possível falar sobre sequelas que ele possa ter. O bebê passou por cirurgias no olho e no coração para uma cardiopatia comum a bebês prematuros, mas está bem, segundo a equipe médica.

O estado de saúde de Yago já é considerado estável pelos médicos que acompanham o desenvolvimento dele. Na Unidade Intermediária, o foco será o desenvolvimento de Yago. O médico Walter Peres, chefe da Unidade Neonatal explica que nesta fase, o bebê vai passar mais tempo no colo do pai e da família, vai receber estímulos para aprender a mamar sugando o leite, trabalho que é feito junto à fonoaudiologia. “A gente fez uma triagem na segunda-feira e não tem nada que possa atrapalhar no momento”.

A emoção também dominou a equipe médica que cuidou da gestação de Renata e que ainda cuida de Yago. A médica intensivista Patrícia Berg Leão, foi a responsável por acompanhar a gestação de Renata até o nascimento do bebê. Para ela, o momento mais emocionante, foi o choro de Yago no nascimento, algo que surpreendeu os a equipe. “É um momento de muita alegria. O momento mais emocionante para mim foi parto. A hora que ele nasceu e chorou. E, também o momento da desconexão dos aparelhos da Renata”.

Médicos explicaram situação do bebêO caso de Renata é considerado raro e a médica explica que somente daqui alguns anos vai ser possível avaliar toda a situação. “É inédito, com poucos casos no Brasil e no mundo. Do ano passado para cá, tivemos o relato de três casos como o da Renata. Nesse momento, só sabemos que ele é vitorioso. Daqui dez anos, vamos saber se a conduta foi a certa”.

A neonatologista Claudia Perez, que acompanha Yago, também diz que o momento do parto foi o mais emocionante para ela e explica que o bebê teve várias vitórias. “O choro, dentro dos limites para o bebê prematuro, foi o primeiro sinal de vitória. Depois, levamos para UTI sem entubar. Ele teve infecções, que já eram previstas. O mais complicado no final foi a dieta, mas ele voltava e mostrava que estava ali”, explica.