Remédio vencido e médicos sem ponto: MPF denuncia ‘caos’ em Santa Casa

Procuradoria irá expedir recomendação ao Hospital e ao Pronto Socorro

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Procuradoria irá expedir recomendação ao Hospital e ao Pronto Socorro

Uma análise detalhada do MPF-MS (Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul) denuncia um cenário caótico no Hospital Santa Casa e no Pronto Socorro de Corumbá: medicamentos estragados, infraestrutura deteriorada e até médicos sem controles de ponto são apenas alguns dos problemas encotrados pela Procuradoria da República na saúde pública do Município, distante 444 km de Campo Grande.

A inspeção aconteceu nesta quarta-feira (30),conforme explicou o MPF, e integra uma investigação mais abrangente. A procuradoria explica que, durante a vistoria, visitou os principais setores do hospital, da recepção até a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), passando pela ala de pediatria, pelo almoxarifado e pelo setor de esterilização e o resultado, para os usuários da saúde pública, é preocupante;

“Foram constatados diversos problemas de estrutura nos prédios inspecionados. Ficou claro, por exemplo, que muitas das alas do hospital não dispõem de condições mínimas de refrigeração, importantes principalmente em razão do calor do verão corumbaense, com temperaturas acima dos 40º C. Paredes com buracos, falta de higienização e má gestão do lixo também foram verificadas na visita”, explica o MPF.

 

 

Em um dos setores do Pronto-Socorro, por exemplo, a inspeção encontrou medicamentos estragados. Como se não bastasse, o MPF complementa, explicando que aos medicamentos, estavam misturados outros remédios dentro da validade. “Até mesmo medidas de baixo custo pareceram não estar sendo tomadas: em muitos dos banheiros do hospital, não havia sequer itens básicos, como papel higiênico, sabonete e álcool em gel. Alguns dos pacientes ouvidos chegaram, inclusive, a afirmar que estão trazendo de suas próprias casas alguns produtos de higiene que deveriam, na realidade, ser disponibilizados pelo hospital”, declara a procuradoria..

Médicos sem controle de ponto

O sistema de pontos também apresentou problemas.Até na ra recepção, o MPF constatou não há qualquer quadro público de presença que permita à população saber quem é o médico responsável que deveria estar no plantão em dado turno. “Falta, também, um controle criterioso da entrada e saída dos médicos no local”, relata.

 

(divulgação/MPF)

 

O controle no local ainda é feito da maneira antiga, manual. Os médicos, por exemplo, para comprovarem a presença só assinam uma folha de papel. Na folha, conforme o MPF, “nem mesmo indicam o horário em que entraram e o horário em que saíram de seus postos”. “Em algumas folhas de ponto analisadas, muitos sequer assinaram presença, mesmo quando alegam que estavam no dia trabalhando no hospital. Deste modo, os órgãos de investigação não conseguem verificar se determinado médico realmente compareceu ao trabalho, nem quando entrou e quando foi embora do local?”.

Agora, toda a inspeção termina em um relatório. É o que explica a procuradoria, afirmando que o documento será divulgado nos próximos dias. “O MPF irá expedir recomendações à Direção da Santa Casa indicando medidas de curto, médio e longo prazos, que deverão ser adotadas para sanar as irregularidades apontadas. O órgão, com isso, espera que, assumindo uma postura colaborativa, os gestores se movimentem para dar uma solução aos problemas encontrados, evitando, assim, o ajuizamento de ações cabíveis, em favor da saúde pública da região”, declara o MPF.

O jornal Midiamax ligou para a Santa Casa em Corumbá, mas o hospital não respondeu às ligações.

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