Pesquisadores querem colocar carne artificial à venda até 2020
Cientistas holandeses conseguiram sintetizar o primeiro hambúrguer de laboratório
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Cientistas holandeses conseguiram sintetizar o primeiro hambúrguer de laboratório
Os cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, montaram uma nova companhia para transformar a carne artificial num hambúrguer que seja, segundo eles, mais saboroso e barato.
Há dois anos, a equipa de pesquisadores mostrou um protótipo em Londres. Mas o custo para a produção desse hambúrguer era altíssimo: cerca de 215 mil libras.
«Estou confiante que, quando for oferecido como uma alternativa à carne, um número cada vez maior de pessoas vai achar difícil não comprar o nosso produto por razões éticas», disse à BBC o director da nova empresa, Peter Verstrate.
«Acredito que vamos colocar (o produto) no mercado em cinco anos», disse o professor Mark Post, que desenvolveu a carne artificial nos laboratórios da Universidade de Maastricht.
Post acrescentou que, inicialmente, o produto estaria disponível apenas sob encomenda mas, quando a procura pela carne artificial se estabelecer e o preço cair, esta deve chegar às prateleiras de supermercados.
O hambúrguer artificial é feito a partir de células estaminais, aquelas que podem se desenvolver em tecidos em diversas formas, tais como nervos e pele.
A maioria dos cientistas que trabalham com células-tronco tenta cultivar tecido humano para transplantes ou para substituir tecido muscular doente, células nervosas ou cartilagem.
Mark Post, no entanto, usa essas células para cultivar músculo e gordura para a produção dos hambúrgueres artificiais.
O processo começa com células estaminais retiradas do músculo de uma vaca. No laboratório, essas células são colocadas numa cultura – uma solução – com nutrientes e elementos químicos que promovem o seu aumento para ajudá-las a crescerem e multiplicarem-se.
Três semanas depois os cientistas já estão com mais de um milhão de células estaminais, que são divididas e colocadas em recipientes menores. As células já crescidas transformam-se em pequenas tiras de músculo de aproximadamente um centímetro de comprimento e apenas alguns milímetros de espessura.
As pequenas tiras são então recolhidas e agrupadas em pequenos montes, coloridas e misturadas com gordura.
O hambúrguer resultante deste processo foi preparado e provado numa entrevista coletiva em Londres, há dois anos.
Um especialista gastronómico que provou a iguaria disse que o gosto estava «próximo da carne, mas não era tão suculento», mas outro disse que tinha gosto de um hambúrguer genuíno
Peter Verstrate disse à BBC que o hambúrguer servido em 2013 ainda não era o produto finalizado.
«Era proteína, fibra muscular. Mas carne é muito mais do que isso – é sangue, é gordura, tecido de ligação, e tudo isso soma ao gosto e à textura.»
«Se quer imitar a carne, precisa de fazer todas estas coisas também – e pode usar tecnologias de engenharia de tecido -, mas ainda não tínhamos feito isso naquele momento», acrescentou.
Mosa Meat, a empresa que Verstrate estabeleceu com Post e a Universidade de Maastricht, quer sintetizar carne moída no laboratório de forma que esta seja tão saborosa quanto a carne real e a um custo igual ao da carne moída vendida hoje.
Nos últimos dois anos, Post e a sua equipa progrediram nas pesquisas, mas o cientista percebeu que, para colocar o produto no mercado num prazo de cinco anos, terá que acelerar os estudos.
A Mosa Meat vai empregar 25 cientistas, técnicos de laboratórios e gerentes. Um dos objectivos principais é descobrir como iniciar a produção em massa dessa carne.
Os cientistas também vão analisar formas de fazer costeletas usando impressoras 3D. Mas vai demorar um pouco mais para comercializar esses produtos.
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