Facebook traz ao Brasil serviço de vídeo que estava disponível nos EUA
O Facebook lançou no Brasil seu serviço próprio de vídeo, o Watch. A ferramenta vai funcionar como um repositório de obras audiovisuais que o usuário poderá acessar e organizar conforme seus interesses. O recurso já estava disponível nos Estados Unidos mas foi estendido agora a outros países. A novidade foi anunciada hoje (29) pela empresa […]
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O Facebook lançou no Brasil seu serviço próprio de vídeo, o Watch. A ferramenta vai funcionar como um repositório de obras audiovisuais que o usuário poderá acessar e organizar conforme seus interesses. O recurso já estava disponível nos Estados Unidos mas foi estendido agora a outros países. A novidade foi anunciada hoje (29) pela empresa em comunicado divulgado em sua página oficial.
O serviço foi disponibilizado inicialmente para o aplicativo de celular e para sistemas de agregação de conteúdo para TV como o Amazon Fire TV, Apple TV, Samsung Smart TV, Android TV, Xbox One e Oculus TV. Já para os sites acessados por desktops, a ferramenta ainda será implantada. Mas, consultada pela Agência Brasil, a assessoria não adiantou uma data.
O catálogo será composto por vídeos de produtores de conteúdo parceiros. Desde o seu lançamento, o Facebook vem fechando acordos com realizadores e com veículos de mídia para formar a lista de obras do serviço. Páginas também poderão veicular vídeos por meio do serviço. De acordo com a assessoria, essa possibilidade está aberta para algumas páginas, conforme critérios estabelecidos pela plataforma.
Mas, diferentemente do YouTube, o catálogo do serviço não será formado por produtos publicados por usuários. Os usuários ficarão restritos a um papel mais próximo de audiência. Eles poderão buscar vídeos por autores e temáticas. Também será possível personalizar listas e visualizar o que “amigos” na rede estão vendo.
Se não vai liberar a publicação de vídeo de usuários, o Facebook aposta na promoção de uma cultura de consumo simultâneo e participativo entre os usuários, com formas de amigos assistirem simultaneamente ao mesmo conteúdo e interação com programas.
“Lançamos o Watch nos EUA há um ano para oferecer às pessoas um lugar no Facebook para encontrar programas e criadores de vídeos que elas adoram e para iniciar conversas com amigos, outros fãs e até mesmo com os próprios criadores”, disse o vice-presidente de vídeo, Fidji Simo, em nota divulgada no site da empresa.
Com isso, o Facebook busca se posicionar melhor no mercado de audiovisual online sob demanda, em um espaço já povoado por seus concorrentes, como o YouTube (Google), AmazonPrime (Amazon) e Apple TV (Apple). Além disso, há empresas especializadas em streaming, como a Netflix, e projetos de grandes operadoras, como o Hulu (Comcast e AT&T).
Conteúdo próprio
O serviço Watch marca uma virada do Facebook em relação ao seu papel como veículo de mídia. Inicialmente, a plataforma se apresentou como um espaço de publicação de imagens, textos, áudios e vídeos. Com a aplicação intensa de algoritmos para selecionar o que é exibido na linha do tempo do usuário, ela passou a ter uma prerrogativa editorial sobre as mensagens circulando no seu interior.
Com o Watch, o Facebook não apenas atuará como um organizador de conteúdos de terceiros mas como realizador. Uma das estratégias anunciadas neste ano foi a definição de parcerias com emissoras como ABC e CNN para a criação de programas jornalísticos específicos.
A empresa anunciou investimento em outros programas. Outra estratégia vem sendo a disputa pela compra de direitos de transmissão. A empresa adquiriu a licença para transmitir campeonatos como a Liga Nacional de Beisebol dos Estados Unidos, a Premier League de futebol do Reino Unido e a mais importante competição de críquete da Índia.
Concentração
Na avaliação da professora do curso de comunicação social e publicidade da Universidade Federal do Ceará e doutora especializada em convergência de mídias Helena Martins, o lançamento do Watch reforça uma lógica do Facebook de concentrar funcionalidades de concorrentes com o objetivo de manter o usuário o máximo de tempo na plataforma, aumentando os dados pessoais coletados que servem de insumos para as atividades econômicas da empresa, como a veiculação de anúncios.
A professora vê com preocupação a delimitação de quem poderá ter obras no catálogo. “As páginas vão poder publicar, e não as pessoas. Como estas vêm tendo alcance reduzido e sendo pressionadas a pagar para impulsionar conteúdos, o serviço vai privilegiar as páginas que tiverem recursos. Aquela lógica de que as pessoas podem produzir na internet fica limitada. Além disso, há uma padronização estética, uma vez que a plataforma define o tamanho e o formato dos vídeos de maior alcance. E tudo isso tem impacto ao limitar a diversidade, ainda mais dado o alcance da rede no Brasil”, analisa.
De acordo com a empresa, 50 milhões de pessoas nos Estados Unidos assistem a vídeos de, pelo menos, um minuto, pelo serviço a cada mês. O total de tempo de obras vistas pela ferramenta cresceu 18 vezes desde o começo do ano. No Brasil, o Facebook anunciou em julho ter 127 milhões de usuários.
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