Imasul promete investigação, mas esconde relatório sobre barragens

Vazamento foi descartado e ‘dequada’ seria causa da morte de peixes    

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Vazamento foi descartado e ‘dequada’ seria causa da morte de peixes

 

 

O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) informou nesta sexta-feira que será feita visita técnica no dia 16 de março, paralela à Rota do Desenvolvimento, para verificar a contaminação de rejeitos de minérios e a mortalidade de peixes no Rio Paraguai, no Pantanal sul-mato-grossense, denúncia divulgada hoje em reportagem do Jornal Midiamax.

Entretanto, o parecer técnico que deu origem a abertura de inquérito no MPE (Ministério Público Estadual) não foi apresentado, mas o instituto descartou que a morte de peixes tenha ocorrido por vazamento da Companhia Vale.

“Com base na informação do Jornal Midiamax, nós nos sentimos na responsabilidade de verificar se a mortalidade que esteja ocorrendo lá é por conta do fenômeno natural ‘dequada’ ou por intervenção de rejeitos do Pantanal”, disse o diretor de licenciamento do Imasul, Ricardo Eboli. A reunião, segundo ele, será para discutir ‘Políticas de Pesca’ na Rota do Desenvolvimento de Corumbá, que acontece de 15 a 17 de março, mas ‘bom momento’ para verificar a denúncia. 

O diretor descartou a possibilidade de vazamento no Rio Paraguai, em Corumbá e Ladário. “Nós não constatamos na vistoria qualquer irregularidade. E mesmo se acontecesse um rompimento de lama da mineradora, haveria dano aos córregos próximos, Bahia do Jacadigo e Bahia de Albuquerque. Em hipótese alguma desaguaria no Rio Paraguai”, diz.

O maior risco, segundo Ricardo, estaria na região de Maria Coelho, onde está a barragem de Gregório, no Morro Santa Cruz. “Lá é onde está o maior volume, o maior grau destruidor em termos ambientais, onde há uma capacidade de armazenamento de 9 milhões de m², mas fica 40 quilômetros de Corumbá”, cita ele.

Segundo Ricardo, a explicação para a mortalidade dos peixes seria o fenômeno ‘dequada’. “O Rio Paraguai, com as últimas chuvas, tem intensificado esse processo de decomposição da matéria orgânica, levando a índices de quase zero o oxigênio dissolvido na água. Esses peixes e jacarés que foram avistados na cidade de Corumbá são provenientes de processos de baixa oxigenação da água nas regiões amontantes da cidade, e não aonde se insere, nas morrarias de Urucum e Maria Coelho”.

A Vale do Rio Doce pronunciou-se por meio de nota e afirmou que o documento foi recebido e que será avaliado. “Sobre a alegação de contaminação do rio, esta é inverídica, não sendo tecnicamente possível”, afirma a empresa.

Inquérito 

Imasul promete investigação, mas esconde relatório sobre barragensA 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá abriu inquérito na última terça-feira (08), publicado no Diário Oficial do MPE, para investigar a situação das barragens na região do Morro do Urucum e Morro Santa Cruz, em Corumbá. O documento ainda cita que o MPE vai “solicitar a adoção das medidas apontadas no Parecer Técnico GCF/IMASUL nº 292/2015 para o saneamento das irregularidades”.

O Imasul disse que enviou o relatório ao MPE da cidade neste ano porque a Comarca pediu. Segundo Ricardo, a empresa não recebeu esse parecer técnico feito depois de vistoria no dia 7 de dezembro as barragens da mineradora Vale. A equipe de reportagem do Jornal Midiamax pediu o relatório, mas ainda não recebeu, e segundo o diretor a previsão é de que semana que vem o documento seja enviado.

Denúncia

Empresário que leva turistas ao Pantanal reclamou a equipe de reportagem do Jornal Midiamax de vazamento nas barragens da Vale. Segundo ele, peixes foram flagrados mortos no Rio Paraguai.“O rio fica até vermelho quando descem os minérios. Os peixes morrem intoxicados”, diz Reginaldo Sucuri.

Ele tem um blog onde faz as denúncias. No dia 21 de fevereiro, ele postou foto dos peixes mortos boiando no rio. No dia anterior, um jacaré foi flagrado, segundo ele “fugindo da lama tóxica que vazou dos sistemas de reservatórios das mineradoras da região”.

“No mês passado, eu flagrei com os turistas vários peixes mortos no rio. Os turistas até ficaram chocados quando viram a cor da água. Vou falar que é tinta? Não, eu falo que é rejeito da mineradora. Eles me perguntam: não fazem nada? Eu digo não”, disse.

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