As selfies e a idolatria ao boneco inflável, o que isso diz sobre a crise política de MS?
O “Pixuleco” ganhou esquema de segurança especial em Campo Grande
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O “Pixuleco” ganhou esquema de segurança especial em Campo Grande
Sim, ele está em Campo Grande. Com 13 metros de altura e um histórico de furos e remendos “nas costas”, o boneco inflável de Lula vestido de presidiário foi acomodado nos altos da Avenida Afonso Pena. Cercado por grade e cinco seguranças, “Pixuleco” pode ser visto e fotografado até o fim da tarde deste domingo (27). Se quiser “ostentar”, dá para levar a miniatura do boneco para casa por R$ 20. Adesivos e camisetas saem por uma bagatela de R$ 5 e R$ 15. Mas, se quiser sua presença animando o seu evento, é melhor mudar de ideia por que a disputa está acirradíssima.
Em tour pelo Brasil, o boneco tem sido disputado quase a “tapas” por coletivos e movimentos de oposição ao PT. Em Campo Grande, a visita de Pixuleco rendeu quatro novos voluntários ao movimento Pátria Livre, responsável pela visita e terá de ficar um dia a menos na cidade por que Brasília o aguarda. Em alguns minutos no local, é possível se ter muito claramente a dimensão da idolatria ao boneco.
Famílias inteiras descem de seus carros para uma selfie. Ajeita aqui, enquadra ali e pronto. Foto feita e dever patriótico cumprido. Depois do ex-ministro Joaquim Barbosa e do adolescente Kim Kataguiri, é a vez do boneco representar a ala do “fora Dilma”, “fora PT” e “chega de corrupção”. Se por dentro o pixuleco é feito de vento, por fora é puro simbolismo.
“Em Caxias do Sul ele recebeu 15 facadas. Agora você pensa. Para alguém dar 15 facadas em um boneco é muito ódio, não é”, conta a porta-voz do Pátria Livre em Campo Grande, Fabricía Salles. Por outro lado, a desconstrução da figura de Lula – que conseguiu altos índices de aprovação popular durante seu governo – enfurece a ala petista. Seja para lá, ou para cá. O culto ao boneco e o ódio a ele só expõem o que as redes sociais nos mostram diariamente: o acirramento do discurso de ódio.
Com isso, a discussão política e as transformações necessárias diante de toda insatisfação ficam, na maioria das vezes, na superfície, no pensamento raso.”Todo mundo quer fazer selfie, mostrar para os amigos. Mas a gente aproveita para falar do que esse boneco representa que é o fim da corrupção, dos desmandos do PT”, diz a voluntária Juliana Gaioso, 42 anos.
Para que ele esteja em Campo Grande, o movimento desembolsou, apenas com o transporte, R$ 3 mil. Cada segurança recebe R$110 como diária, fora os gastos com o aluguel da estrutura que cerca o boneco.
“Já fizeram a segurança de muitos bonecos?”, perguntei aos seguranças que o cercam. “Isso eu nunca tinha visto. Mas por enquanto está tranquilo. Ninguém tentou se aproximar com objetos cortantes”, respondeu um deles quando fomos interrompidos pelas buzinas de um veículo de onde partiram gritos como “Fora Dilma, Lula e todos esses bandidos”.
Acomodado em frente ao aquário do Pantanal – obra cercada por denúncias de desvios de verba e irregularidades- , o boneco é símbolo dos sedentos pelo impeachment da Presidente Dilma Roussef, os mesmos que se esquecem de citar escândalos como o esquema de corrupção para afastar Bernal do cargo; ou o esquema milionário entre empreiteiras e políticos que teria movimentado milhões de reais em contratos de obras públicas e outros tantos.
“Nós escolhemos este local justamente para lembrar que aqui também há corrupção”, explicou Fabrícia. Mas além desta alusão subjetiva, nenhum outro protesto ou menção à crise política que o Estado vive, por exemplo, foi encontrada. Mas, nem tudo está perdido. Ainda há tempo para uma selfie.
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