Pesquisa: brasileiro se interessa, mas sabe pouco de ciência

Pesquisa ouviu 1.962 brasileiros de todas as regiões do País

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Pesquisa ouviu 1.962 brasileiros de todas as regiões do País

Os brasileiros apresentam atitudes positivas quando o assunto é ciência e tecnologia (C&T) e manifestam ter grande interesse por estes temas. No entanto, o acesso à informação científica e tecnológica, especialmente nas camadas sociais de menor escolaridade e renda no Brasil, ainda é bastante limitado.

As constatações são da quarta edição da pesquisa “Percepção Pública da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Os principais resultados da pesquisa foram apresentados na última segunda-feira (13), durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Aberto no dia 12, o evento ocorre até o próximo sábado (18) no câmpus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “A pesquisa apresenta um panorama estatisticamente robusto da percepção que a sociedade brasileira tem sobre ciência e tecnologia”, destacou Mariano Laplane, presidente do CGEE.

No Brasil, o tema é o quinto que mais atrai a atenção da população, atrás de Medicina e Saúde (78%), Meio Ambiente (78%), Religião (75%) e Economia (68%), e é maior que o interesse em Arte e Cultura (57%), Esportes (56%), Moda (34%) e Política (27%). “Os brasileiros manifestam ter curiosidade, respeito e uma enorme expectativa de que a ciência e a tecnologia possam melhorar suas condições de vida. É importante, entretanto, que, além dessa curiosidade, a sociedade brasileira também tome mais conhecimento do avanço e dos êxitos da ciência brasileira”, apontou.

A pesquisa ouviu 1.962 brasileiros de todas as regiões do país, com 16 anos ou mais, estratificados por gênero, faixa etária, escolaridade e renda. De acordo com o estudo, 61% dos entrevistados demonstraram interesse ou muito interesse por C&T. O índice é comparável ao de países que realizaram pesquisas de percepção pública semelhantes, comparam os autores do estudo. Na União Europeia, por exemplo, 53% dos participantes de uma pesquisa realizada em 2013 afirmaram ter interesse por assuntos relacionados à C&T.

Mas, embora a atitude dos brasileiros seja positiva e o interesse por C&T seja alto, o acesso à informação é baixo, indica a pesquisa. A TV é o principal meio de comunicação, usado por 21% dos entrevistados para adquirir informações sobre C&T. Por outro lado, a maioria declarou informar-se nunca ou quase nunca sobre esse tema em outros meios de comunicação, como rádio, jornais, revistas, livros e conversas com amigos.

“O baixo nível de informação sobre C&T da sociedade brasileira representa um desafio para a comunidade científica, para o governo e também para a mídia”, avaliou Laplane. “Estamos constatando com preocupação que, nos últimos anos, o espaço dos cadernos de ciência e tecnologia dos principais jornais do país estão encolhendo e, em alguns casos, desaparecendo. Além disso, o pouco conteúdo que está sendo transmitido para a sociedade sobre grandes conquistas da ciência, na grande maioria das vezes, faz referência a avanços em outros lugares do mundo e, raramente, de exemplos brasileiros”, completou.

A pesquisa apontou que uma parcela muito pequena da população consegue lembrar o nome de algum cientista brasileiro importante ou de alguma instituição de pesquisa nacional. O desconhecimento entre os jovens é particularmente significativo, mas, mesmo entre pessoas com título superior, a porcentagem de entrevistados que souberam mencionar um cientista brasileiro foi muito baixa.

“Temos que valorizar os prêmios e as conquistas dos cientistas brasileiros sem pudor e ter mais ‘celebridades’ da ciência, a exemplo do Artur Ávila [o primeiro matemático formado no Hemisfério Sul que recebeu a medalha Fields, considerada a distinção máxima na área]”, disse Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Isso é importante para a difusão da ciência brasileira e para atrair a atenção de crianças e jovens para a ciência”, concluiu.

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