Nova geração de criminosos espalha terror e causa pânico na Colômbia
Considerados a terceira geração do crime organizado colombiano, os grupos Urabeños e Rastrojos travam uma disputa pelo controle de rotas de narcotráfico e de contrabando de gasolina, levando terror a comunidades que ficam na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. É o caso do povoado colombiano de Palmarito, a menos de 20 km do […]
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Considerados a terceira geração do crime organizado colombiano, os grupos Urabeños e Rastrojos travam uma disputa pelo controle de rotas de narcotráfico e de contrabando de gasolina, levando terror a comunidades que ficam na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.
É o caso do povoado colombiano de Palmarito, a menos de 20 km do território venezuelano, que desde agosto vive sob o pulso do confronto entre integrantes dos grupos rivais.
Os assassinatos de ao menos cinco agricultores da zona levaram um grupo de mais de cem famílias a abandonar suas casas, em setembro.
Os moradores se amotinaram em Cúcuta, capital do Estado de Norte de Santander, e exigiram policiamento para poder voltar à zona. Os principais líderes da comunidade, ameaçados, estão sob proteção do Estado.
Quando a Folha visitou Palmarito, em novembro, os cerca de 500 moradores tinham retornado havia poucos dias. Tentavam reconstruir a rotina resguardada por 35 policiais, munidos de armas longas.
Arbel Porras Pabón, 42, gerente da cooperativa de marcenaria de Palmarito, contou que um dos seus sócios seguia desaparecido. “Falei com a mulher dele há três dias, e ela não tem nenhuma notícia até o momento.”
Dias depois, foi confirmado que o sócio havia sido assassinado.
São 54 famílias na cooperativa, que agora vai se expandir usando as sobras de madeira e de serragem em uma unidade produtora de adubo orgânico, projeto que conta com a ajuda do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha). “Vamos continuar aqui. A decisão de retornar foi comunitária”, diz Porras Pabón, a respeito da segurança na área.
Mas nem todos em Palmarito têm a convicção de permanecer, especialmente porque não é garantido que a polícia ficará após dezembro. A acusação frequente de que moradores são informantes de um dos lados da disputa coloca a comunidade sob uma ameaça permanente.
“Se os policiais forem embora, não vamos ficar”, conta Virginia Suárez, 36, cujo marido, Sixto Martín, e o filho Jeferson, 18, foram feridos por acaso em meio a um tiroteio entre os narcotraficantes em agosto.
Sixto Martín levou um tiro que atingiu a ligação nervosa de um de seus braços. Dono de uma criação de porcos e sócios da marcenaria comunitária de Palmarito, ele chora ao pensar no futuro porque a mão já não responde a seu comando. “Meu temor é que me vejam assim e me matem, pensando que sou um deles.”
TERCEIRA GERAÇÃO
Urabeños e Rastrojos-chamadas pelo governo de “bacrins”, abreviação para “bandas criminosas”– representam a nova fase do narcotráfico da Colômbia.
São sucessoras da era do cartel de Pablo Escobar, até o começo dos anos 1990, e da fragmentação que se seguiu, que só ganharia escala com as poderosas AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), a mais ampla coalizão paramilitar que disputou o controle do negócio das drogas.
Foi da desmobilização das AUC, em 2005, que surgiram as duas “bacrins”.
Os escalões médios se recusaram a entregar as armas e mantiveram o comando do negócio ilegal.
Agora, em vez de combater as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e a ELN (Exército de Libertação Nacional), tanto Urabeños quanto Rastrojos fazem alianças logísticas para gerir o narcotráfico.
“Os Urabeños funcionam como uma franquia, em rede. Em vários locais, grupos passam a atuar usando esse nome”, disse à Folha Jeremy McDermott, codiretor do InSight Crime, centro de estudos sobre crime organizado nas Américas InSight Crime.
Para analistas, as “bacrins” podem ser o prelúdio do que pode acontecer caso as Farc assinem acordo de paz com o governo. Parte dos guerrilheiros pode decidir ficar no comando do tráfico, em vez de entregar as armas.
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