Fazendeiro que matou adolescente indígena entra com pedido reintegração de posse

O fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, que confessou ter matado o índio guarani-kaiowá de 15 anos Denilson Barbosa, da aldeia Tey ikue, em Caarapó (MS), entrou com pedido de reintegração de posse contra os indígenas. Desde segunda-feira (18), cerca de 300 indígenas ocupam a Fazenda Sardinha, onde estão construindo barracos. Os índios reivindicam a fazenda como […]

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O fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, que confessou ter matado o índio guarani-kaiowá de 15 anos Denilson Barbosa, da aldeia Tey ikue, em Caarapó (MS), entrou com pedido de reintegração de posse contra os indígenas. Desde segunda-feira (18), cerca de 300 indígenas ocupam a Fazenda Sardinha, onde estão construindo barracos. Os índios reivindicam a fazenda como parte do seu antigo território tradicional pindoroky.

Orlandino ingressou com a ação de reintegração de posse na Justiça Estadual de Mato Grosso do Sul. O coordenador substituto do escritório da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, informou que o órgão ainda não foi notificado oficialmente a respeito, como é praxe ocorrer nessas situações.

No início da tarde desta sexta-feira (22), um grupo de pessoas armadas esteve próximo à fazenda e disparou três tiros. Os disparos não atingiram ninguém. “As informações vindas de lá [da fazenda] é que um grupo de não índios, formado por 12 pessoas, efetivou os disparos,” disse Nishijima à Agência Brasil.

Nishijima negou informações que circularam pela internet de que a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, em conjunto com jagunços, iniciou o despejo forçado dos indígenas. A Força Nacional está a caminho da área para investigar as denúncias. “Para garantir a segurança, fiz contato com a Polícia Federal para verificar o ocorrido,” disse.

O corpo de Denilson Barbosa, morto com um tiro na cabeça, foi encontrado no último domingo (17) em uma estrada que separa a Aldeia Guarani-Kaiowá Tey ikue de fazendas existentes na cidade de Caarapó, na região sudoeste de Mato Grosso do Sul. O adolescente estava acompanhado do irmão, de 11 anos, e do cunhado, de 20 anos.

Em depoimento prestado à Polícia Civil, o irmão e o cunhado da vítima disseram que os três saíram para pescar no final da tarde de sábado (16) e planejavam ir a um córrego cuja nascente fica no interior da terra indígena que cruza algumas fazendas. Ao entrar na fazenda, separada da aldeia por uma estrada, e se aproximar do criadouro, foram abordados por três homens armados. Os índios correram e, durante a fuga, Denilson ficou preso em uma cerca de arame farpado que circunda o criadouro. O fazendeiro, então, segurou o jovem pela camiseta e o executou com um tiro.

As investigações sobre a morte do adolescente estão sendo conduzidas pela Polícia Civil, mas os indígenas reivindicam o deslocamento de competência do caso para a esfera federal.
Em nota, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) informou que está acompanhado o caso por meio da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A nota diz que “assim que tomou conhecimento do caso, a SDH fez gestões nos seguintes órgãos: Polícia Federal, Força Nacional de Segurança, Funai, Polícia Civil do Estado de Mato Grosso do Sul e Ministério Público Federal,” com o objetivo é garantir a segurança da comunidade e a celeridade das investigações.

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