Brasileiros desenvolvem vacina contra dependência química em cocaína

Medicamento pode reduzir interesse do usuário pelo pó

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Medicamento pode reduzir interesse do usuário pelo pó

Sendo consumida quatro vezes mais no Brasil do que a média mundial, a cocaína é uma das drogas acessíveis mais viciantes da atualidade. Seu vício é difícil de ser sustentado pelos dependentes químicos, por ser uma droga relativamente cara. Um estudo realizado há mais de um ano por pesquisadores da UFMG, pode entretanto, solucionar o problema de uma maneira inusitada: usando a própria droga.

A pesquisa desenvolvida em uma parceria entre o professor de psiquiatria Frederico Duarte Garcia e o professor do Departamento de Química Orgânica Ângelo de Fátima, ambos da federal mineira, encontrou uma vacina capaz de estimular o corpo humano a produzir anticorpos que reduzem em até 90% a fração livre de cocaína presente na corrente sanguínea do usuário, a partir da sintetização de moléculas presentes no pó.

Com a redução da proporção da droga na corrente sanguínea, a cocaína não consegue atingir o sistema nervoso central do usuário, que por sua vez não percebe os efeitos estimulantes do entorpecente. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que a vacina pode ajudar no combate ao vício, impedindo que os dependentes químicos sintam a ‘euforia’ do prazer ao consumir a droga.

Em um primeiro estágio, a pesquisa está sendo testada em animais. Segundo o professor Frederico Garcia, a resposta a pelo menos quatro doses da vacina em ratos já “é suficiente e duradoura”. Testes em humanos só devem ser desenvolvidos em humanos, voluntários e sadios, assim que os testes em animais forem concluídos. Só depois de um ano sendo testada em voluntários a vacina poderá seguir para o teste em dependentes químicos.

Um estudo semelhante ao dos pesquisadores da UFMG já foi desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia, Estados Unidos, porém os resultados mais eficientes chegaram a um bloqueio de 77% da substância no organismo. O professor Garcia acredita que em dez anos a vacina estará disponível para comercialização. 

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