Estudantes criam equipamentos para aumentar acessibilidade de cegos

O que se estuda em sala de aula pode transformar a vida de muita gente na prática. Estudantes do Instituto Federal da Bahia, campus de Salvador, desenvolveram um equipamento com o objetivo de ajudar deficientes visuais. O sistema torna possível que pessoas cegas possam utilizar o transporte coletivo de uma forma mais descomplicada. O equipamento […]

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O que se estuda em sala de aula pode transformar a vida de muita gente na prática. Estudantes do Instituto Federal da Bahia, campus de Salvador, desenvolveram um equipamento com o objetivo de ajudar deficientes visuais. O sistema torna possível que pessoas cegas possam utilizar o transporte coletivo de uma forma mais descomplicada.

O equipamento de nome BusBlind é um sistema que alerta os cegos com um aviso de voz quando o ônibus desejado se aproxima, a partir de um transmissor instalado no ônibus que emite um sinal de rádio para um receptor que fica próximo ao ponto de ônibus. Assim o receptor identifica o número da linha e o destino e dispara os comandos para o alto-falante e, consequentemente, as linhas cadastradas serão anunciadas a cada nova chegada. Esse sistema beneficia cidadãos com dificuldade de leitura, tais como: cegos, pessoas com baixa visão, idosos e analfabetos.

“Esse trabalho foi muito dinâmico em nossa equipe. O intuito era mesmo aprimorar a ideia. Esse ano saiu do protótipo e fizemos os testes necessários e hoje estamos em fase de aprimoramento. E a parte mais emocionante foi quando, de fato, conseguimos o resultado positivo de funcionamento” pontua Lucas Morais estudante de Automação Industrial, e integrante do projeto BusBlind.

Os professores que acompanharam o feito destacam que a iniciativa foi além do desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras ao construir um modelo importante de desenvolvimento com inclusão social. “A maior satisfação é de proporcionar igualdade de condições para os deficientes visuais, criando neles a sensação de liberdade e autonomia”, pontuam Andrea Bitencourt e Justino de Medeiros, orientadores dos projetos.

Também criado pelos estudantes do IFBA, um outro equipamento chamado de JustStep é uma espécie de piso tátil integrado ao comando de voz para o uso no metrô. O sistema é acionado por uma placa de piso tátil e permite que, sendo o local mapeado, o equipamento seja capaz de informar o ponto exato onde a pessoa está e indicar a direção onde se encontra o deficiente. Estudantes e professores acreditam que essa tecnologia pode complementar a sinalização em locais que já possuem os pisos táteis, como as estações do metrô em Salvador.

A ideia da estudante Lorenna Vilas Boas, que percebeu a dificuldade dos deficientes visuais nas instituições de ensino, foi colocada em prática. “Percebendo esse problema, eu decidi trabalhar para ajudar. Iniciei pesquisas e cheguei até o piso tátil onde criei basicamente esse sistema para localizar os cegos dentro desses ambientes internos, como forma de complementar o uso do GPS”, conta Lorena feliz com a aceitabilidade do projeto.

Segundo uma Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, 3,6% da nação brasileira possui alguma deficiência visual, seja total ou parcial. Ou seja, cerca de oito milhões de brasileiros são cegos ou pessoas de baixa visão, o equivalente a quase 60% (sessenta por cento) das deficiências relatadas.

“Esses números motivam a realização de projetos que promovam aos cegos e pessoas de baixa visão a capacidade de poder circular ao longo dos espaços e transporte público com maior segurança e independência, garantindo assim o direito dos mesmos enquanto cidadãos”, acrescentam os professores.

Com certeza, esses equipamentos podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas que possuem a deficiência visual. A meta agora é conseguir implementar a novidade no dia a dia deste público.  “Através do polo de inovação, temos a possibilidade de fazer parceria com empresas para viabilizar o desenvolvimento destes produtos e colocá-los no mercado”, pontuam os professores.

 

Vanessa Casaes – Ascom Educa Mais Brasil

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