Réu por operar esquema de corrupção que seria chefiado por Claudinho Serra (PSDB), o empreiteiro Edmilson Rosa convocou o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha para defendê-lo no processo referente à Operação Tromper, que revelou os desvios em Sidrolândia, cidade a 70 km de Campo Grande.
Edmilson é dono da AR Pavimentação e Sinalização Ltda (CNPJ 28.660.716/0001-34), que acumula contratos milionários também com o Governo do Estado. Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão, equipes do Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado) encontraram, no escritório de Edmilson, caderno de anotações com o nome do ex-secretário-executivo de MS no Distrito Federal, Sérgio de Paula.
Convocado para assumir a defesa do empreiteiro, Felyx é um dos investigados pela PF (Polícia Federal) na Ultima Ratio, operação que revelou esquema de venda de sentenças por parte de alguns desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de MS), em que o advogado aparece como um dos ‘cabeças’ do esquema. Inclusive com laços com o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso em novembro, apontado como intermediador da venda de decisões judiciais nos tribunais de MS, MT, TRF-1 e até mesmo no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Mesmo após quase um ano da operação, Edmilson estava sem advogado de defesa e chegou até a ser atendido pela Defensoria. Porém, ao abrir prazo para apresentação de defesa, convocou Félix Jayme para entrar no caso.
No documento peticionado esta semana, Felix aponta que a denúncia feita pelo MPMS (Ministério Público de MS) contra seu cliente é ‘frágil’ e não comprova a participação de Edmilson no esquema. Ao fim, pede a rejeição da denúncia e a liberação dos cerca de R$ 11,8 milhões bloqueados pela Justiça para eventual ressarcimento aos cofres públicos.
A empresa AR Pavimentação, citada nas investigações, teria participado de licitações fraudadas pelo grupo criminoso investigado pelo Gaeco na Operação Tromper.
Sérgio de Paula tem nome citado em anotações apreendidas durante operação contra Claudinho Serra
Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão no escritório do empreiteiro Edmilson Rosa, o Gaeco encontrou caderno com anotações contendo o nome do então secretário-executivo de relações institucionais do governo de MS, Sérgio de Paula.
Junto com os cadernos e agendas de anotações apreendidos, a operação do MPMS prendeu o ex-vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB), apontado como o ‘chefe’ do esquema. O tucano ficou 23 dias preso e continua usando tornozeleira eletrônica até abril deste ano.
Réu por corrupção, Claudinho Serra tem estreita ligação com Sérgio de Paula. Além de integrarem o mesmo partido, o PSDB, Serra foi chefe de gabinete de Sérgio de Paula na Casa Civil do Governo de MS.
No entanto, Sérgio de Paula não está entre os investigados até a Terceira Fase da Operação Tromper.
O nome ‘Claudinho’ também está na página de um dos cadernos, mas não fica claro se trata-se do vereador. Na frente do nome aparece o valor ‘500.000,00′.
Já o nome de Sérgio aparece em uma página que trata de documentos para obras em Aquidauana e Sidrolândia, além de valores. O Midiamax tentou contato com o secretário para saber que tipo de vínculos ele teria com os investigados e por que acha que seu nome está no material apreendido.
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Em resposta, a defesa de Sérgio de Paula encaminhou uma nota em que nega os fatos mencionados, mas que se coloca à disposição das autoridades para esclarecimentos.
Além de Sérgio de Paula, também aparecem nas anotações os nomes de empreiteiros. É o caso de ‘André Patrola‘. A alcunha, do empresário André Luis dos Santos, implicado na Operação Cascalhos de Areia, também está em cadernos da AR Pavimentação e da GC Obras de Pavimentação Asfáltica Ltda (CNPJ 16.907.526/0001-90).
O advogado Fábio de Melo, que representa Patrola, afirmou que o cliente não tem negócios com a AR Pavimentações. Mesmo assim, o nome do empreiteiro aparece por várias vezes vinculado a valores de R$ 10 mil a R$ 100 mil.
Patrola é alvo de investigações por contratos que tem com a Prefeitura de Campo Grande e também com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). São obras milionárias de pavimentação em estradas e em bairros de Campo Grande.
Advogado de empreiteiro tem ligações com lobista preso pela PF
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Em uma das conversas interceptadas entre Andreson e Félix, a investigação flagrou suposta negociação de decisão no STJ: “Mais (sic) falo que a pessoa só tinha 290 mil para pagar. Isso aqui é café”.
Dessa forma, a PF conclui que “Salvo melhor juízo, as frases proferidas levam a crer que ANDRESON estaria insinuando que a quantia de R$ 290.000,00 seria considerada irrisória para o pagamento de propina”, segundo trecho do documento.
Despacho assinado pelo ministro do STJ, Francisco Falcão, baseado nas investigações da PF, indica que Felix recebeu, em 2017, R$ 1,1 milhão da empresa Florais Transporte, cujo proprietário é Andreson de Oliveira Gonçalves.
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