Pular para o conteúdo
Transparência

Dois anos depois, escândalo que abalou Sidrolândia segue sem previsão de julgamento

Ação penal da Operação Tromper tem mais de 7 mil páginas, 27 réus e duas delações premiadas
Gabriel Maymone -
Prefeitura de Sidrolândia após operação contra corrupção. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Dois anos depois, a Tromper ainda segue sem previsão de ter um desfecho. De lá para cá, foram três fases da operação, que revelou esquema de desvios milionários em contratos públicos na prefeitura de , distante 70 km de .

Conforme o MP (Ministério Público), o esquema era chefiado pelo ex-vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (), quando ocupou cargo de secretário de Fazenda, durante a gestão da sogra, ex-prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo. Faziam parte do grupo empresários e servidores, além do político.

Nesses dois anos, o processo na Justiça juntou mais de 7 mil páginas, com 27 réus acusados de mais de 12 fatos criminosos envolvendo diversas licitações e duas delações premiadas até agora.

Diante da complexidade da ação e da grande quantidade de arquivos, o juiz responsável pelo caso, Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, que assumiu a Vara Criminal de Sidrolândia há menos de dois meses, avalia que não há previsão para uma sentença.

Assim, o magistrado avalia que “A ação penal principal […] ainda encontra-se conclusa para sentença, porém, sem previsão de julgamento imediato, dado o elevado grau de complexidade do feito“.

Tromper começou investigando empresários e servidores

Empresa de Rocamora era a ‘central’ de emissão de notas frias para desvio de verbas em Sidrolândia (Fala Povo, Jornal Midiamax)

Em 18 de maio de 2023, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) tomou as ruas de Sidrolândia para cumprir mandados de busca e apreensão contra empresários e servidores.

O alvo era a empresa Rocamora Serviços de Escritório Administrativo Eirelli, do empresário Ricardo José Rocamora Alves, que seria por onde passavam a maior parte das notas frias emitidas no esquema.

A firma havia conquistado mais de R$ 2,3 milhões em contratos com a administração municipal, de itens que vão de chaveiros a merenda escolar, fato que chamou atenção dos investigadores.

Leia também – Empresários fraudavam documentos de concorrentes para ganhar licitações em Sidrolândia

Investigações avançam e chegam a mais integrantes do grupo

Meses depois, em julho daquele ano, o Gaeco lança a segunda ofensiva contra o grupo acusado de ‘abocanhar’ milhões em verbas públicas de Sidrolândia.

Naquele momento, foram presos os empresários Ueverton da Silva Macedo e Roberto da Conceição Valençuela, além do então servidor municipal Tiago Basso da Silva — que tempos depois firmou a primeira delação do caso.

Nesta ação, sete envolvidos foram denunciados pelo MP e se tornaram réus:

  • Ueverton da Silva Macedo, o Frescura (empresário)
  • Ricardo José Rocamora Alves (empresário)
  • Roberto da Conceição Valençuela (empresário)
  • Odinei Romeiro de Olveira (empresário)
  • Evertom Luiz de Souza Luscero (apontado como laranja de Frescura)
  • César Augusto dos Santos Bertoldo (servidor)
  • Flávio Trajano Aquino dos Santos (servidor)

Já o empresário Milton Matheus Paiva, que foi denunciado, está com processo suspenso após fechar o segundo acordo de colaboração premiada.

Conforme as investigações e delação premiada, o grupo se reunia para discutir fraudes a licitações no município de Sidrolândia.

Denunciado, o ex-secretário de infraestrutura, Carlos Alessandro da Silva, se livrou do processo.

Vereador do PSDB comandou esquema e recebia ‘mesada’ de empresários

Claudinho Serra é apontado pelo MP como o chefe da organização criminosa que desviou milhões em Sidrolândia (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

Por fim, a Tromper chega na sua fase mais importante. Em 3 de abril de 2024, o Gaeco vai novamente às ruas e prende o então vereador de Campo Grande, Claudinho Serra, por chefiar todo o esquema.

O político só conseguiu assumir uma cadeira na Câmara após manobra do PSDB, já que ficou somente como suplente no pleito municipal.

Ainda assim, Serra ganhou confiança da cúpula do PSDB e era um dos ‘pupilos’ do partido.

Conforme revelaram as investigações, Claudinho cobrava uma espécie de ‘dízimo’ que variava de 10% a 30% sobre o valor dos contratos dos empresários. Quem não se ‘acertava’ com o chefe, era barrado de licitações no município.

As informações foram reveladas na delação premiada de Basso.

Nessa fase, 22 se tornaram réus:

  • Claudio Jordão de Almeida Serra Filho – vereador apontado como líder da organização criminosa
  • Carmo Name Junior – ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
  • Ueverton da Silva Macedo – empresário de Sidrolândia
  • Ricardo José Rocamora Alves – empresário de Sidrolândia
  • Thiago Rodrigues Alves – ex-servidor do Governo do Estado ligado à Agesul e empreiteiras
  • Milton Matheus Paiva Matos – de Sidrolândia
  • Ana Cláudia Alves Flores – ex-pregoeira da Prefeitura de Sidrolândia
  • Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa – ex-chefe de licitações da Prefeitura de Sidrolândia
  • Luiz Gustavo Justiniano Marcondes – empresário de Sidrolândia
  • Jacqueline Mendonça Leiria – empresária de Sidrolândia
  • Heberton Mendonça da Silva – empresário e ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
  • Roger William Thompson Teixeira de Andrade – empresário de Sidrolândia
  • Valdemir Santos Monção – assessor parlamentar na
  • Cleiton Nonato Correia – empresário dono da GC Obras de Pavimentação
  • Edmilson Rosa – empresário dono da AR Pavimentação
  • Fernanda Regina Saltareli – empresária sócia da CGS Pavimentações e Terraplanagem
  • Maxilaine Dias de Oliveira – empresária da Master Blocos
  • Roberta de Souza – ex-servidora de Sidrolândia
  • Yuri Morais Caetano – ex-estagiário do MPMS em Sidrolândia
  • Rafael Soares Rodrigues – ex-secretário de Educação Sidrolândia
  • Paulo Vitor Famea – ex-secretário-adjunto da Assistência Social de Sidrolândia
  • Saulo Ferreira Jimenes – empresário de Sidrolândia

Deles, seis continuam com tornozeleira eletrônica: Claudinho Serra, Thiago Rodrigues Alves, Carmo Name Júnior, Ricardo José Rocamora Alves, Ana Cláudia Alves Flores e Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa.

Ainda, Ueverton Macedo é o único que está preso. A partir do celular dele é que as investigações chegaram a todo organograma de como funcionava o esquema.

Sabe de algo que o público precisa saber? Fala pro Midiamax!

Se você está por dentro de alguma informação que acha importante o público saber, fale com jornalistas do Jornal Midiamax!

E pode ficar tranquilo, porque nós garantimos total sigilo da fonte, conforme a Constituição Brasileira.

Fala Povo: O leitor pode falar direto no WhatsApp do Jornal Midiamax pelo número (67) 99207-4330. O canal de comunicação serve para os leitores falarem com os jornalistas. Se preferir, você também pode falar com o Jornal direto no Messenger do Facebook.

***

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Correios já atenderam mais de 4 mil aposentados e pensionistas do INSS em Mato Grosso do Sul

PF sai em busca de bens de alto valor para ressarcir aposentados vítimas de fraudes no INSS

Papy gasta R$ 30 mil com três TVs de 85 polegadas para a Câmara

VÍDEO: Detento aproveita saída de caminhão e foge de presídio em Campo Grande

Notícias mais lidas agora

MPMS gastou R$ 496 mil com concurso para promotor com 100% dos candidatos reprovados

Dois anos depois, escândalo que abalou Sidrolândia segue sem julgamento

Morto após cair do 4º andar da Santa Casa tinha pós-doutorado em Odontologia

Conselho contradiz Sesau e investigação apura falta de equipamentos odontológicos em UBSs

Últimas Notícias

Cotidiano

Moradores denunciam falta de manutenção em praça da quadra do Ana Maria do Couto

Situação semelhante na praça foi relatada por moradores da região um ano atrás

Sem Categoria

Dupla é esfaqueada por colega de trabalho em fazenda de MS

Vítimas foram encaminhadas para a área vermelha da Santa Casa de Campo Grande

Mundo

Trump diz que conversou com Putin sobre guerra na Ucrânia, mas descarta ‘paz imediata’

Americano também revelou que discutiram sobre as negociações entre EUA e Irã para alcançar um acordo nuclear

Transparência

Após parto em banheiro, investigação mira falhas na obstetrícia do Hospital Regional

Escalas médicas encaminhadas ao MP mostraram 178 horas de lacunas (escala vaga) e 154 horas de afastamentos não cobertos ao longo do mês