Dois anos depois, a Tromper ainda segue sem previsão de ter um desfecho. De lá para cá, foram três fases da operação, que revelou esquema de desvios milionários em contratos públicos na prefeitura de Sidrolândia, distante 70 km de Campo Grande.
Conforme o MP (Ministério Público), o esquema era chefiado pelo ex-vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), quando ocupou cargo de secretário de Fazenda, durante a gestão da sogra, ex-prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo. Faziam parte do grupo empresários e servidores, além do político.
Nesses dois anos, o processo na Justiça juntou mais de 7 mil páginas, com 27 réus acusados de mais de 12 fatos criminosos envolvendo diversas licitações e duas delações premiadas até agora.
Diante da complexidade da ação e da grande quantidade de arquivos, o juiz responsável pelo caso, Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, que assumiu a Vara Criminal de Sidrolândia há menos de dois meses, avalia que não há previsão para uma sentença.
Assim, o magistrado avalia que “A ação penal principal […] ainda encontra-se conclusa para sentença, porém, sem previsão de julgamento imediato, dado o elevado grau de complexidade do feito“.
Tromper começou investigando empresários e servidores

Em 18 de maio de 2023, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) tomou as ruas de Sidrolândia para cumprir mandados de busca e apreensão contra empresários e servidores.
O alvo era a empresa Rocamora Serviços de Escritório Administrativo Eirelli, do empresário Ricardo José Rocamora Alves, que seria por onde passavam a maior parte das notas frias emitidas no esquema.
A firma havia conquistado mais de R$ 2,3 milhões em contratos com a administração municipal, de itens que vão de chaveiros a merenda escolar, fato que chamou atenção dos investigadores.
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Investigações avançam e chegam a mais integrantes do grupo
Meses depois, em julho daquele ano, o Gaeco lança a segunda ofensiva contra o grupo acusado de ‘abocanhar’ milhões em verbas públicas de Sidrolândia.
Naquele momento, foram presos os empresários Ueverton da Silva Macedo e Roberto da Conceição Valençuela, além do então servidor municipal Tiago Basso da Silva — que tempos depois firmou a primeira delação do caso.
Nesta ação, sete envolvidos foram denunciados pelo MP e se tornaram réus:
- Ueverton da Silva Macedo, o Frescura (empresário)
- Ricardo José Rocamora Alves (empresário)
- Roberto da Conceição Valençuela (empresário)
- Odinei Romeiro de Olveira (empresário)
- Evertom Luiz de Souza Luscero (apontado como laranja de Frescura)
- César Augusto dos Santos Bertoldo (servidor)
- Flávio Trajano Aquino dos Santos (servidor)
Já o empresário Milton Matheus Paiva, que foi denunciado, está com processo suspenso após fechar o segundo acordo de colaboração premiada.
Conforme as investigações e delação premiada, o grupo se reunia para discutir fraudes a licitações no município de Sidrolândia.
Denunciado, o ex-secretário de infraestrutura, Carlos Alessandro da Silva, se livrou do processo.
Vereador do PSDB comandou esquema e recebia ‘mesada’ de empresários

Por fim, a Tromper chega na sua fase mais importante. Em 3 de abril de 2024, o Gaeco vai novamente às ruas e prende o então vereador de Campo Grande, Claudinho Serra, por chefiar todo o esquema.
O político só conseguiu assumir uma cadeira na Câmara após manobra do PSDB, já que ficou somente como suplente no pleito municipal.
Ainda assim, Serra ganhou confiança da cúpula do PSDB e era um dos ‘pupilos’ do partido.
Conforme revelaram as investigações, Claudinho cobrava uma espécie de ‘dízimo’ que variava de 10% a 30% sobre o valor dos contratos dos empresários. Quem não se ‘acertava’ com o chefe, era barrado de licitações no município.
As informações foram reveladas na delação premiada de Basso.
Nessa fase, 22 se tornaram réus:
- Claudio Jordão de Almeida Serra Filho – vereador apontado como líder da organização criminosa
- Carmo Name Junior – ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
- Ueverton da Silva Macedo – empresário de Sidrolândia
- Ricardo José Rocamora Alves – empresário de Sidrolândia
- Thiago Rodrigues Alves – ex-servidor do Governo do Estado ligado à Agesul e empreiteiras
- Milton Matheus Paiva Matos – advogado de Sidrolândia
- Ana Cláudia Alves Flores – ex-pregoeira da Prefeitura de Sidrolândia
- Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa – ex-chefe de licitações da Prefeitura de Sidrolândia
- Luiz Gustavo Justiniano Marcondes – empresário de Sidrolândia
- Jacqueline Mendonça Leiria – empresária de Sidrolândia
- Heberton Mendonça da Silva – empresário e ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
- Roger William Thompson Teixeira de Andrade – empresário de Sidrolândia
- Valdemir Santos Monção – assessor parlamentar na Alems
- Cleiton Nonato Correia – empresário dono da GC Obras de Pavimentação
- Edmilson Rosa – empresário dono da AR Pavimentação
- Fernanda Regina Saltareli – empresária sócia da CGS Pavimentações e Terraplanagem
- Maxilaine Dias de Oliveira – empresária da Master Blocos
- Roberta de Souza – ex-servidora de Sidrolândia
- Yuri Morais Caetano – ex-estagiário do MPMS em Sidrolândia
- Rafael Soares Rodrigues – ex-secretário de Educação Sidrolândia
- Paulo Vitor Famea – ex-secretário-adjunto da Assistência Social de Sidrolândia
- Saulo Ferreira Jimenes – empresário de Sidrolândia
Deles, seis continuam com tornozeleira eletrônica: Claudinho Serra, Thiago Rodrigues Alves, Carmo Name Júnior, Ricardo José Rocamora Alves, Ana Cláudia Alves Flores e Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa.
Ainda, Ueverton Macedo é o único que está preso. A partir do celular dele é que as investigações chegaram a todo organograma de como funcionava o esquema.
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