Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira, servidor da prefeitura de Campo Grande, foi exonerado da Secretaria Municipal de Gestão, em publicação na edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) desta quarta-feira (22).

O servidor Marcelo Mitsuo foi alvo da Operação Cartão Vermelho, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) nesta semana e que mira desvios de R$ 6 milhões da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, comandada há 26 anos por Francisco Cezário.

De acordo com os autos do despacho assinado pelo juiz Eduardo Eugenio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, que autorizou a operação, Marcelo foi alvo de busca e apreensão e de mandado de prisão preventiva, na última terça-feira (21).

A exoneração do servidor Marcelo Mitsuo é assinada pela prefeita Adriane Lopes (PP) e pela secretária de Gestão, Evelyse Cruz. O Portal da Transparência da prefeitura do município não traz histórico de quanto Marcelo tinha de remuneração mensal.

Servidor não tinha vínculo com federação, mas recebeu dinheiro

As conclusões da investigação do Gaeco a respeito dos desvios da federação de futebol comandada por Francisco Cezário, contudo, mostram que Marcelo Mitsuo não tinha vínculo formal com a federação de futebol, ou seja, não prestava serviços e nem tinha relações com a instituição.

No entanto, o Gaeco revela que o servidor recebeu R$ 523.551,00 mil entre os anos de 2018 e 2022. Os valores saíram do caixa da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul.

“Outro dado importante advindo da investigação é a grande quantidade de depósitos na conta de Marcelo, sendo que, somente no mês de abril de 2018, este recebeu 10 (dez) cheques da Federação de Futebol, nenhum deles superior a R$ 5.000,00 (f. 79), prática conhecida e utilizada para evitar fiscalização e o controle pelos órgãos reguladores (COAF e Receita Federal)”, detalha o relatório do Gaeco.

Além destes depósitos em cheque, de 2018 até 2022, segundo as investigações, Marcelo recebeu mais de 90 depósitos em espécie sem identificação. Esses valores somaram montante de R$ 89.068,05 mil.

A reportagem tentou contato com a defesa de Marcelo Mitsuo, mas sem sucesso. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Operação Cartão Vermelho

Conforme informações do Gaeco, o grupo liderado por Francisco Cezário realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle. Com isso, de setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram identificados desvios que superaram os R$ 6 milhões.

Contudo, somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira foram apreendidos mais de R$ 800 mil, inclusive em notas de dólar. Revólver e munições também foram apreendidos.

Esses valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores era devolvida ‘por fora’ ao grupo.

Além disso, a organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

Confira todos os alvos da operação Cartão Vermelho

  • Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS;
  • Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa;
  • Aparecido Alves Pereira, delegado de jogos da FFMS;
  • Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS;
  • Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira;
  • Francisco Carlos Pereira
  • Umberto Alves Pereira;
  • Valdir Alves Pereira;
  • Francisca Rosa de Oliveira;
  • Marco Antônio de Araújo;
  • Patrícia Gomes Araújo.