Na sessão ordinária desta terça-feira (9) na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o deputado Paulo Duarte (PSB) apresentou indicação à Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) para restringir os caminhões tritrens na Estrada-Parque Piraputanga, na MS-450.

Conforme a indicação, é solicitado um estudo por parte da Agesul para que seja restrito o trânsito de caminhões de eucalipto na estrada turística que fica na região do Pantanal.

Ainda segundo o parlamentar, o pedido ocorre após diversas denúncias de moradores que usam essa estrada, que estaria em situação precária de conservação. “O trecho de 11 quilômetros da estrada, construída para uso contemplativo da natureza será ocupado pelos caminhões tritrens por um período mínimo de três anos”, diz trecho da nota encaminhada pelo deputado.

Para o deputado, isso pode ser evitado. A restrição ocorreria aos finais de semana. “A redução do fluxo desses caminhões de carga pesada aos finais de semana contribuirá para mitigar os efeitos causados naquela estrada, que não tem a característica de transporte de carga pesada e sim de contemplação turística”, afirmou.

Inquérito apura a situação na estrada

O MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) instaurou inquérito civil para apurar a irregularidade jurídico-ambiental referente ao tráfego de carretas gigantes da Suzano, na Estrada-Parque Piraputanga.

Segundo denúncia de ambientalistas, a empresa teria outra opção, porém, escolheu a MS-450 para o escoamento diário por ter asfalto e também para “economizar tempo”. O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e a Suzano são alvos da apuração.

No procedimento, da promotoria de Dois Irmãos do Buriti, consta que será verificado o impacto ambiental, turístico e cultural no local, sendo esta uma possível atividade lesiva ao meio ambiente pela empresa Suzano.

A instauração ocorreu há um mês, em nome do promotor de Justiça Marcos Martins de Brito, sendo encaminhada para a 34ª Promotoria de Justiça de Campo Grande na semana seguinte.

O inquérito civil deve questionar o Imasul se a atividade de transporte foi autorizada/licenciada, se a diretoria do órgão foi consultada e também apurar se já existe plano de manejo para a unidade de conservação, oficiando a empresa Suzano também para que tome conhecimento dos fatos.

O tráfego das carretas gigantes teve aval da Agesul, no entanto, a agência não figura como alvo das investigações preliminares do MPMS. Mesmo assim, a Agesul se manifestou afirmando que o tráfego de caminhões nessa estrada não causa impacto ambiental na região.

Ainda mais, que a Suzano atua com operação reduzida nessa localidade, com velocidade controlada e frota limitada. Por fim, que o Governo do Estado anunciou investimentos de R$ 7,5 bilhões para reduzir nos próximos três anos metade do número de rodovias sem pavimentação no Estado.

Estrada-Parque Piraputanga foi escolha para ‘economizar tempo’

Denúncia publicada pelo Jornal Midiamax detalha que o tráfego de 20 tritrens abarrotados de eucalipto, todos os dias na MS-450, poderia ser evitado. Ao menos é o que alegam ambientalistas que acompanham a situação que gerou até racha no Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Estrada-Parque Piraputanga.

Segundo os ambientalistas, trecho de 11 quilômetros da estrada, construída para uso contemplativo da natureza, está sendo ocupado pelos tritrens, carretas gigantes com três vagões ou semirreboques, por um período de no mínimo três anos. Cada carreta gigante tem capacidade para transportar até 74 toneladas de carga bruta.

“A fazenda onde fazem a retirada [de eucalipto] é a Lageado, que começa ali na Cipolândia, em Aquidauana e vai até Dois Irmãos do Buriti. Pega toda a extensão da Serra de Maracaju, então, lá possui uma saída por Terenos e outra por Dois Irmãos do Buriti. Aliás, antes até do local ser vendido para Suzano, escoavam pela Ponte do Grego e era para ser assim. Mas, depois bateram o pé e aos 45 do segundo tempo passaram a escoar pela Estrada-Parque porque a outra não tinha asfalto. O que eles querem é economizar tempo”, argumenta um ambientalista ouvido pela reportagem e que vive nas proximidades.

O assunto veio à tona por meio da denúncia do SOS Pantanal, que deixou a cadeira no Conselho recentemente e demonstrou diversas preocupações com o aumento de tráfego de caminhões na região, porém, não houve mudanças significativa no processo de autorização da unidade de conservação.