Investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por operar esquemas de corrupção em contratos de cascalhamento e de locação de equipamentos com a Prefeitura de Campo Grande, o empreiteiro André Luiz dos Santos, o Patrola, recebeu reajuste milionário em novo contrato. Desta vez, com a prefeitura de Ladário, distante a 425 quilômetros de Campo Grande.

Vigente desde 2019, o acordo entre o empreiteiro e a administração pública já passa pelo 7º reajuste. O reequilíbrio foi publicado no Diário Oficial da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) desta quarta-feira (21) no valor de R$ 2.446.201,93.

Segundo dados do portal da transparência do município, somados os pagamentos do contrato vigente há 5 anos, os serviços já chegaram a custar, o valor atualizado, R$ 15.330.899,78. Os dígitos e mesmo assim, a empresa de Patrola ainda deve receber 559.583,46 da prefeitura, conforme o cronograma atualizado de pagamentos.

Teoricamente, o contrato engloba a prestação de serviços de locação de máquinas pesadas, equipamentos móveis (escavadeira hidráulica, pá carregadeira, rolo compactador, caminhão basculante, trator de esteiras, compactador de solos de percussão, caminhão pipa), com fornecimento de mão de obra, materiais de consumo, manutenção preventiva e corretiva e demais materiais necessários.

Briga na Justiça

Em julho deste ano-2024, o empresário que é apontado como laranja de políticos, moveu duas ações de despejo contra membros da família do ex-prefeito Marquinhos Trad, que reforçam laços que Patrola possuía com a família e esquema de laranjas exposto pelo Jornal Midiamax em junho de 2023.

A ação pedia o despejo contra a irmã do ex-prefeito, Maria Thereza Trad Alves – Tetê Trad -, e contra o cunhado deles, o ex-secretário de saúde, Leandro Mazina.

Ex-secretário

Midiamax mostrou que Patrola entrou com uma ação no ano passado contra o médico e ex-secretário Leandro Mazina Martins para cobrar uma dívida de R$ 183.390,87 referente a atrasos no pagamento do aluguel e de IPTU de um apartamento localizado em um prédio na Rua Euclides da Cunha. 

Em maio de 2019, foi celebrado o contrato de aluguel do apartamento no valor de R$ 5 mil, mas que poderia ter desconto de R$ 1 mil caso fosse pago em dia. Já os débitos cobrados são pela inadimplência do período de maio de 2022 a agosto de 2023.

Na contestação, o médico alegou que, na realidade, teria direito a uma compensação de crédito no valor de R$ 372.596,58. 

Esse valor seria R$ 93.072,65 referente a despesas extras lançadas na cobrança da taxa de condomínio, que seriam de responsabilidade do Patrola, e de R$ 279.523,93 sobre benfeitorias realizadas no imóvel.

Tetê Trad

Já em fevereiro deste ano, Patrola entrou com um processo sobre o mesmo tema contra Maria Thereza Trad Alves. A psicóloga reside no mesmo prédio que o ex-secretário municipal de saúde e também está devendo aluguel e IPTU. 

No caso da irmã do ex-prefeito, o débito cobrado por Patrola é de R$ 214.063,24, sendo R$ 114.372,39 referente aos aluguéis e R$ 99.690,85 sobre o IPTU.

No processo consta que um contrato foi firmado em maio de 2019 para tratar da locação do imóvel sob o valor de R$ 4,5 mil, mas que poderia ter desconto de R$ 1 mil caso fosse pago com pontualidade. Já os aluguéis cobrados são referentes a janeiro de 2022 a janeiro de 2024.

Na contestação, Tetê Trad apresenta argumentos semelhantes ao do cunhado e defende que Patrola teria débitos com a psicóloga referente a taxas extras de condomínio (R$ 93.072,65) e benfeitorias realizadas no apartamento (R$ 201.188,44), que somam R$ 294.261,09. 

“Pois bem, além das despesas extras pagas pela locatária, é correto afirmar que a Ré realizou diversas benfeitorias úteis ou necessárias no imóvel, quais sejam, marcenaria, instalação de novos ar condicionados e ambiente projetado na cozinha no quarto de casal que totalizaram em uma quantia atualizada de R$ 201.188,44”, alega a defesa.

Patrola é investigado

A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas, a princípio comandadas por Patrola.

As empresas seriam supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos Trad.

Entre os donos de empresas com contratos milionários, por exemplo, estava um vendedor de queijos. O homem disse que sequer sabia ter mais de R$ 200 milhões em contratos públicos numa empreiteira da qual é dono no papel.

Empresas com grandes contratos também foram vendidas a preço de banana. Assim, os indícios colocam André Luiz dos Santos, o Patrola, no foco da investigação. Ele é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas.

Segundo a denúncia anônima que deu início às apurações, Patrola supostamente seria sócio do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) no ‘esquema’. No entanto, o político nega.

Patrola também é suspeito de desmatamento criminoso no Pantanal. Ele teria destruído mais de 1,3 mil hectares após ser pago para construção de estradas na região pantaneira.

Além disso, as ‘armas’ do crime ambiental seriam as máquinas que uma das empresas dele, a André L. dos Santos Ltda, levou para a região com dinheiro de uma obra pública.

O material foi construído com base em dados oficiais do Portal da Transparência e Diário Oficial. A equipe de reportagem do Midiamax entrou em contato com a prefeitura da cidade por meios devidamente cadastrados e aguarda retorno. O conteúdo segue passivo de alteração a qualquer momento para posicionamento da prefeitura quanto ao assunto.