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Transparência

Em Campo Grande, 40% dos usuários se declaram insatisfeitos com valor do transporte coletivo

Disponibilidade e conforto também estão entre as principais queixas de usuários
Karine Alencar -
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Usuários entrando no transporte coletivo (Arquivo, Midiamax)

Dados divulgados pela Revisão do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana do Município, realizado pela Logit Transportation Enginners, apontam que 40% dos usuários se declaram insatisfeitos com gastos no transporte coletivo em Campo Grande.

A disponibilidade dos ônibus também é motivo de reclamação, assim como o conforto dos pontos disponíveis aos usuários na cidade. Os números superam 50% dos entrevistados, o que mostra uma das várias falhas do Consórcio Guaicurus.

Em relação à “Satisfação Geral” com o sistema, apenas 33%  disseram estar contentes com o serviço prestado, segundo a tabela. No entanto, os entrevistados contam que existem muitas expectativas não atendidas.

A pesquisa aponta que 75% dos entrevistados utilizam o ônibus para ir ao Trabalho. O segundo motivo mais frequente foi para ir ao local de estudo, com 11%.

Nesta semana, a prefeita Adriane Lopes (PP) e o governador Eduardo Riedel (PSDB) fizeram reunião para tratar do transporte coletivo na Capital. Em agenda nesta quinta-feira (21), o tucano explicou que está ‘desenhando’ um projeto para a cidade.

“O Estado já ajuda alguns municípios no transporte público. Em Campo Grande, são R$ 10 milhões e neste ano, estamos investindo R$ 20 milhões na requalificação das linhas. Precisamos reestruturar o projeto na maneira de como o transporte público é encarado nas cidades maiores. A prefeita veio falar comigo sobre isso ontem. A gente vai começar a desenhar para poder entregar para Campo Grande. A decisão e a responsabilidade é do município, mas vamos sempre ajudar, porque ele é fundamental”, disse o governador.

Segundo Adriane, a discussão se deu por conta do crescimento significativo de Campo Grande nos últimos anos, e que o Estado pode contribuir na discussão sobre o transporte coletivo.

“A Capital cresceu muito, avançou e hoje chegou o momento de discutir pautas de relevância para a cidade, entre elas a mobilidade urbana e o transporte coletivo. Vamos tratar o tema para alinharmos nossas equipes de trabalho e assim pensar no futuro, para trazer ao campo-grandense aquilo que é necessidade”, disse.

Consórcio Guaicurus cita greve e Justiça determina reajuste da tarifa de ônibus

Na quarta-feira (24), o desembargador Eduardo Machado Rocha, do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), acolheu um novo recurso do Consórcio Guaicurus para que ocorra o reajuste da tarifa de ônibus. A decisão liminar estava suspensa desde dezembro de 2023.

Em decisão, o desembargador apontou que o Consórcio pediu a suspensão da decisão para restabelecer a liminar. Ou seja, para que ocorra o reajuste da tarifa. Para isso, alegou que a “situação financeira é crítica pelo desequilíbrio econômico-financeiro do contrato firmado com o município”.

Ainda foi relembrado que o reajuste deveria ocorrer em 25 de outubro, mas não aconteceu. Além disso, o reajuste determinado foi abaixo do esperado, de R$ 0,15, e mesmo assim não foi implementado.

Para o Consórcio, esse atraso gera prejuízo de R$ 15.750,00 diário, alcançando R$ 472.500,00 mensal. “O risco de greve só existe porque o poder público não implementa o reajuste da tarifa que estava prevista para outubro/23”, diz trecho do pedido.

“Se o reajuste da tarifa técnica tivesse sido efetivado em 25.10.23, no valor sugerido pela agravada (R$ 7,79), com imediato implementado, além de efetuar a revisão do contrato, também sugerida pela agravada com a minuta de fls. 535/540, a situação seria totalmente diferente”, afirma ainda o grupo responsável pelo Consórcio.

Vale lembrar que o valor da tarifa técnica não é aquele que chega ao consumidor. Com os pedidos, o desembargador decidiu pela retratação, restabelecendo a decisão em primeiro grau.

“As pretensões de reajuste tarifário tendo como data-base o mês de outubro, assim como a revisão da tarifa a cada 7 anos, devem ser acolhidos, tendo em vista que são obrigações constantes do próprio Contrato de Concessão e do Termo de Ajustamento de Gestão, firmado entre as partes”, aponta o desembargador.

Passe subiu 69% em 10 anos

O valor do passe de ônibus cobrado aos usuários do transporte coletivo de Campo Grande subiu 69% entre 2013 e 2023, período em que o Consórcio Guaicurus passou a explorar o serviço de transporte público na Capital.

O levantamento considera o último aumento para R$ 4,65 divulgado pela prefeitura de Campo Grande.

Em 2013, quando o Consórcio Guaicurus passou a comandar o transporte coletivo de Campo Grande após vencer licitação, os usuários precisavam desembolsar R$ 2,75 para realizar uma viagem de ônibus. A tarifa dos ônibus executivos era de R$ 3,35.

A partir de maio deste ano, os usuários desembolsam R$ 4,65 para realizar a mesma viagem, equivalendo a um aumento de 69% no valor do passe pago pelos passageiros.

Conforme o histórico dos preços das passagens divulgado pelo próprio Consórcio Guaicurus, apenas duas vezes o reajuste contou com uma diminuição do valor.

Ainda em 2013, no final do ano, o passe que era cobrado R$ 2,75, reduziu para R$ 2,70.

Do mesmo modo, em 2019 o valor cobrado era de R$ 4,10, já em 2023 foi reduzido para R$ 3,95. Entretanto, a redução durou menos de um mês e, onze dias depois, voltou para R$ 4,10.

O novo reajuste, de R$ 0,25, é um dos maiores já aplicados pelo Consórcio Guaicurus, ficando atrás somente dos anos 2013-2014 (aumento de R$ 0,30) e 2015-2016 (aumento de R$ 0,30).

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