Após nova prisão, defesa de Cezário adia pedido de soltura para dirigente do futebol em MS

Presidente afastado da FFMS foi preso na última quarta-feira após descumprir ordem judicial, segundo o Gaeco

Gabriel Maymone – 02/09/2024 – 11:35

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Cezário flagrado pela reportagem preso em casa e levado de caminhonete pelo Gaeco (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

A defesa do dirigente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira, adiou pedido de soltura. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) prendeu o mandatário novamente por violar medidas cautelares impostas para manutenção de prisão domiciliar.

Na última quarta-feira (28), equipes do Gaeco cumpriram novo mandado de prisão contra Cezário após o dirigente ser flagrado mantendo reuniões em sua casa, no bairro Taveirópolis, com dirigentes de clubes. O ex-conselheiro do Vasco, Júlio Brant, interlocutor indicado pelo governo de MS para reformular o futebol do Estado também estava presente.

Ao Jornal Midiamax, o advogado Júlio César Marques explicou que teve problemas para acessar o processo. “Não tive condições de trabalhar o pedido de revogação [da prisão], porque não tenho nem conhecimento da íntegra das motivações”, explicou.

Então, afirmou que irá entrar com o pedido para revogar a prisão de Cezário após analisar o pedido de prisão.

No entanto, argumentou que os dirigentes que estavam na casa de Cezário – Giovani Jolando Marques, dirigente do Operário Athletico Clube, Ari Silas Portugal, diretor de futebol do Comercial, e Luiz Bosco da Silva Delgado, presidente do Corumbaense – são testemunhas de defesa do mandatário.

Agentes do Gaeco apreenderam materiais na casa de Cezário (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“São pessoas que conhecem Cezário e foram de modo solidário porque o Cezário estava em situação de depressão, foram prestar assistência afetiva”, disse o advogado, sem justificar a presença de Júlio Brant.

Ainda conforme o defensor, Cezário também não teria ido à CBF e que os relatórios da tornozeleira eletrônica poderiam comprovar a alegação.

Enquanto isso, Cezário segue em uma das celas do Presídio Militar de Campo Grande.

Cezário foi preso após descumprir ordem judicial e se reunir ‘às escondidas’ com dirigentes de clubes

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, Cezário foi flagrado realizando reuniões em sua casa, no bairro Taveirópolis, com presidentes de clubes e dirigentes esportivos.

No entanto, Cezário estava impedido pela Justiça de exercer ‘qualquer função na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul’. Por isso, novo pedido de prisão contra ele.

Consta no pedido de prisão que Cezário se reuniu em 6 de agosto – véspera de Assembleia Geral da FFMS -, em sua casa, com o dirigente do Operário Athletico Clube e o diretor de futebol do Comercial. Os dois participaram da sessão na entidade.

“Verificou-se que, a despeito da proibição judicial, o ex-dirigente continuava a participar, nos bastidores, dos rumos da entidade, articulando com aliados e fazendo reuniões em sua residência com Presidentes de Clubes e dirigentes esportivos, além de acompanhar de perto as reuniões que ocorriam no âmbito da FFMS”, afirma nota oficial do Gaeco sobre o novo pedido de prisão.

Dessa forma, foi autorizado cumprimento de buscas e apreensões na casa de Cezário. Assim, o Gaeco procurou por documentos que reforcem as investigações como celular, documentos, anotações, cadernos, agendas, extratos bancários, arquivos eletrônicos e valores em espécie.

federação de futebol de MS
Operação Cartão Vermelho na Federação de Futebol de MS em maio (Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax)

Cezário acusado de comandar desvios de R$ 10 milhões do futebol de MS

Cezário é réu por desvios de R$ 10 milhões do futebol sul-mato-grossense e já havia sido preso em maio deste ano, na Operação Cartão Vermelho. Ficou 15 dias atrás das grades e se livrou com tornozeleira após passar mal ao saber do falecimento da irmã, no início de junho.

Assim, ele e mais 11 pessoas foram denunciadas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pelos crimes de integrar organização criminosa, peculato, furto qualificado, falsidade ideológica e lavagem de capitais.

Conforme a denúncia baseada nas investigações do Gaeco, o montante desviado pelo grupo de Cezário superou os R$ 6 milhões apurados inicialmente. Logo, apurou-se que os valores podem ultrapassar os R$ 10 milhões, segundo o Gaeco.

Ainda, na denúncia, o MPMS pede pagamento para reparação de danos no valor de R$ 20 milhões, sendo R$ 10 milhões para reparar os prejuízos causados à FFMS e o restante a título de danos morais coletivos.

Novo advogado assume caso

Então, o advogado Júlio César assumiu também a defesa de Cezário nas acusações de desvios da FFMS.

À reportagem, ele afirmou que irá apresentar à Justiça documentos que comprovariam a destinação correta dos pagamentos da FFMS.

Além disso, disse que os R$ 800 mil apreendidos na casa do mandatário durante a primeira ação do Gaeco, em maio, é dinheiro declarado de forma lícita por Cezário. Ainda, que o dirigente mantém os valores em casa por ‘temer deixar dinheiro em banco’.

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