Alvos de ação de despejo, parentes de ex-prefeito ‘driblam’ calote no aluguel cobrando R$ 666 mil de Patrola
Parentes da família Trad, que são alvos de ação de despejo de Patrola por não pagar aluguel, cobram R$ 666 mil referentes às benfeitorias e taxas extras de condomínio
Thalya Godoy –
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O André Luiz dos Santos, o “Patrola”, entrou na Justiça para pedir o despejo de dois integrantes da família Trad. Além do processo contra Leandro Mazina Martins – pai do vereador Otávio Trad e ex-secretário municipal de Saúde – há também uma ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis e IPTU movida contra Maria Thereza Trad Alves, conhecida como Tetê Trad. Ela é irmã do senador Nelsinho Trad (PSD) e do ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PDT).
Patrola é investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por supostamente ser laranja de políticos no Estado.
Os dois já contestaram as ações na Justiça combinando com pedido de reconvenção. Assim, defendem em cada ação que, na realidade, Patrola é quem teria débitos com cada um deles devido às taxas extras de condomínio e benfeitorias realizadas nos dois apartamentos localizados em um prédio na Rua Euclides da Cunha.
Juntos, eles teriam uma compensação de crédito que soma R$ 666.857,67, enquanto a dívida dos dois com Patrola chega a R$ 397.454,11 (veja mais detalhes abaixo).
Ex-secretário
O Midiamax mostrou que Patrola entrou com uma ação no ano passado contra o médico e ex-secretário Leandro Mazina Martins para cobrar uma dívida de R$ 183.390,87 referente a atrasos no pagamento do aluguel e de IPTU de um apartamento localizado em um prédio na Rua Euclides da Cunha.
Em maio de 2019, foi celebrado o contrato de aluguel do apartamento no valor de R$ 5 mil, mas que poderia ter desconto de R$ 1 mil caso fosse pago em dia. Já os débitos cobrados são pela inadimplência do período de maio de 2022 a agosto de 2023.
Na contestação, o médico solicitou que o processo corresse em segredo de Justiça e alegou que, na realidade, teria direito a uma compensação de crédito no valor de R$ 372.596,58.
Esse valor seria R$ 93.072,65 referente a despesas extras lançadas na cobrança da taxa de condomínio, que seriam de responsabilidade do Patrola, e de R$ 279.523,93 sobre benfeitorias realizadas no imóvel.
Tetê Trad
Já em fevereiro deste ano, Patrola entrou com um processo sobre o mesmo tema contra Maria Thereza Trad Alves. A psicóloga reside no mesmo prédio que o ex-secretário municipal de saúde e também está devendo aluguel e IPTU.
Nos dois casos de ação de despejo por falta de pagamento combinado com cobrança de aluguéis e encargos, o Patrola se manifestou contra uma audiência de conciliação. Contudo, os dois parentes da família Trad defendem um encontro em que possam chegar a um consenso e que os processos sigam sob segredo de justiça.
No caso da irmã do senador, o débito cobrado por Patrola é de R$ 214.063,24, sendo R$ 114.372,39 referente aos aluguéis e R$ 99.690,85 sobre o IPTU.
No processo consta que um contrato foi firmado em maio de 2019 para tratar da locação do imóvel sob o valor de R$ 4,5 mil, mas que poderia ter desconto de R$ 1 mil caso fosse pago com pontualidade. Já os aluguéis cobrados são referentes a janeiro de 2022 a janeiro de 2024.
Na contestação, Tetê Trad apresenta argumentos semelhantes ao do cunhado e defende que Patrola teria débitos com a psicóloga referente a taxas extras de condomínio (R$ 93.072,65) e benfeitorias realizadas no apartamento (R$ 201.188,44), que somam R$ 294.261,09.
“Pois bem, além das despesas extras pagas pela locatária, é correto afirmar que a Ré realizou diversas benfeitorias úteis ou necessárias no imóvel, quais sejam, marcenaria, instalação de novos ar condicionados e ambiente projetado na cozinha no quarto de casal que totalizaram em uma quantia atualizada de R$ 201.188,44”, alega a defesa.
O Midiamax entrou em contato com o advogado que representa ambos, mas ele preferiu não se manifestar por se tratar da “intimidade e da vida privada” dos clientes.
Patrola é investigado
A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas, a princípio comandadas por Patrola.
As empresas seriam supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos Trad.
Entre os donos de empresas com contratos milionários, por exemplo, estava um vendedor de queijos. O homem disse que sequer sabia ter mais de R$ 200 milhões em contratos públicos numa empreiteira da qual é dono no papel.
Empresas com grandes contratos também foram vendidas a preço de banana. Assim, os indícios colocam André Luiz dos Santos, o Patrola, no foco da investigação. Ele é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas.
Segundo a denúncia anônima que deu início às apurações, Patrola supostamente seria sócio do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) no ‘esquema’. No entanto, o político nega.
Patrola também é suspeito de desmatamento criminoso no Pantanal. Ele teria destruído mais de 1,3 mil hectares após ser pago para construção de estradas na região pantaneira.
Além disso, as ‘armas’ do crime ambiental seriam as máquinas que uma das empresas dele, a André L. dos Santos Ltda, levou para a região com dinheiro de uma obra pública.
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