Investigadores e perito presos por cobrança de propina são afastados da Polícia Civil de MS
Gaeco investiga associação criminosa de grupo que atuava em repartição onde delegado foi afastado
Renata Volpe –
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Investigadores e perito criminal da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, presos na última quarta-feira (27) em Ponta Porã pelo Gaeco, foram afastados compulsoriamente dos cargos, conforme portarias publicadas nesta quinta-feira (28).
A Corregedoria da Polícia Civil afastou os investigadores Márcio André Molina Azevedo e Mauro Ranzi, além do perito criminal Rogério Insfran Ocampos. Márcio e Rogério estavam lotados na delegacia de Ponta Porã, enquanto Mauro atuava na de Antônio João.
Segundo as portarias, os três foram afastados compulsoriamente de suas funções, pelo prazo em que perdurar a medida imposta pela justiça, determinando o recolhimento das armas, carteira funcional e demais pertences do patrimônio público destinados ao referido policial. Além da suspensão de suas senhas e logins de acesso aos bancos de dados da Instituição policial, suspensão de férias e avaliação para fins de promoção, caso tais medidas ainda não tenham sido adotadas, informando ao RH/SEJUSP/MS, para fins pertinentes.
Os afastamentos têm efeito a contar da data do cumprimento do Mandado de Prisão, ocorrido no dia 25 de abril deste ano e são assinados pelo delegado de polícia e Corregedor-Geral da Polícia Civil, Márcio Rogério Faria Custódio.
Afastamento do delegado
O delegado de polícia da 2ª delegacia de Ponta Porã, Patrick Linares, foi afastado na última terça-feira (26), conforme publicação do Diário Oficial. O afastamento dele acontece um dia após a Operação Codicia, que prendeu outros policiais do departamento por cobrança de propinas.
As investigações começaram em 2021. Em depoimento, as vítimas dos policiais contaram que, no dia 5 de abril de 2021, o caminhão Scania em que estava acoplada a carreta foi roubado de Queimados, no Rio de Janeiro.
Já no dia 6 de abril, equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em fiscalização em Ponta Porã encontraram e recuperaram o veículo entrando em contato com as vítimas para comunicar o fato. O casal, então, foi até Ponta Porã.
No trajeto, segundo o relatório do Ministério Público, pararam em posto policial no estado do Paraná e foram orientados a procurarem em Ponta Porã a policial aposentada, alvo da operação, que iria ajudar na restituição do caminhão.
As vítimas, então, entraram em contato com a policial pelo WhatsApp, e ela indicou que fossem até a 2ª delegacia de polícia e procurassem o escrivão também alvo da operação. Já na delegacia, no dia 8 de abril, o casal foi recepcionado por outro policial e, posteriormente, o segundo alvo da operação passou a atendê-los, como também o investigador de polícia aposentado.
Investigação e prisões
Além dos esquemas com locadoras para o recebimento de ‘bônus’ para a restituição de veículos roubados recuperados, os policiais civis presos na última segunda-feira (25) durante operação deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) também desviavam drogas da delegacia.
Em relatório do Ministério Público, foi apontado que o investigador aposentado Jonatas Pontes Gusmão retirava maconha apreendida que ficava depositada na 2ª Delegacia de Polícia e entregava o entorpecente para João Batista Olmedo Júnior e Ricardo Alexandre Olmedo para fazer a revenda da droga.
João e Ricardo são irmãos de Vladenilson Daniel Olmedo, conhecido como ‘Vlad’, preso na primeira fase da Operação Omertà. O investigador aposentado junto dos irmãos tinham códigos para tratar sobre os desvios da maconha, como ‘remédio pra tereré’, e ‘coisa’, quando em ligações combinavam sobre a retirada da droga para revenda. Ainda durante uma das conversas, Jonatas teria sido questionado se estava fazendo a proteção da população e em tom de deboche o investigador respondeu “protegendo a sociedade e combatendo a criminalidade”, demonstrando o envolvimento com ações ilícitas, de forma um tanto quanto descarada, segundo relatório do Gaeco.
Também foi apurado durante as investigações que João Olmedo Júnior desenvolvia diálogos de cunho criminoso, mencionando que se fosse exposto iria “se vingar”, matando terceiros e seus filhos. Ele ainda teria dito ter recebido cobranças supostamente ligadas a dívidas do tráfico de entorpecente.
Segundo o relatório, ainda foi apurado que João fez uma viagem junto de outros policiais, em um Ford Ka que havia sido roubado em Belo Horizonte. No retorno da viagem, já em Ponta Porã, acabou abordado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) recebendo voz de prisão. Nesse caso, foi registrado boletim de ocorrência, mas não houve o flagrante do policial aposentado que foi preso pela PRF.
Esse fato evidencia a interferência de Jonatas, já que telefonou para a 1ª Delegacia de Polícia Civil para se inteirar do ocorrido, o que sinaliza um possível vínculo entre tais investigados.
Outra parte do relatório do Gaeco traz que João Batista Olmedo Júnior havia recebido uma ligação de terceiro que aparentemente seria para encomendar droga e o fornecedor seria Jonatas Pontes Gusmão, por conta de diálogos que já tiveram anteriormente, em que esse providenciou o ‘remédio verde da folha’.
Tiveram as prisões preventivas decretadas Jonatas Pontes Gusmão, Valdenei Peromalle, Márcio André Molina Azevedo, Adriana Jarcem da Silva, Mauro Ranzi, Rogério Insfran OCampos, João Batista Olmedo e Ricardo Alexandre Olmedo.
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