A prefeitura de Campo Grande publicou nesta quinta-feira (22) que aumentou em mais R$ 1,5 milhão o contrato firmado com a empresa DP Barros Pavimentação e Construção Ltda, responsável pelas obras do corredor de ônibus da rua Rui Barbosa, no Centro de Campo Grande. Com isso, a obra criticada por motoristas, usuários e comerciantes já custa R$ 18,9 milhões aos cofres públicos. Além do valor extra, a construtora ganhou mais 120 dias para finalizar as obras.

O corredor da Rui Barbosa iniciou as operações na última terça-feira (20). Em série de reportagens, o Jornal Midiamax revela o caos espalhado pela cidade com a implantação de corredores de ônibus, muitos inacabados. Em reportagem desta quinta (22), o Midiamax mostra que mesmo com R$ 110 milhões em recursos aprovados, Campo Grande só construiu 24% dos corredores previstos para serem implantados com recursos federais.

Em publicação no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) desta quinta, a prefeitura aditiva o contrato número 30/2021, celebrado em 28 de maio de 2021. Na época, a empresa firmou acordo para executar as obras em 450 dias pelo custo de R$ 17,3 milhões.

Os recursos fazem parte de convênio da prefeitura com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), no âmbito do programa Viva Campo Grande II.

Extrado de contrato celebrado em maio de 2021 (Foto: Reprodução, Diogrande)

Com o aditivo, o prazo que se encerrou no último dia 20 fica prorrogado para 19 de abril de 2023. Agora, com o ganho extra de R$ 1,5 milhão, as obras consumiram R$ 18.931.936,54 milhões do município.

A prorrogação e o aditivo do contrato foram assinados pelo secretário municipal de Obras, Rudi Fiorese, e Pedro Eduardo Barros, responsável pela construtora DP Barros.

Motoristas, passageiros e comerciantes criticam obra

Entre as dúvidas de quem passa pelos corredores estão: por que as estações de embarque estão posicionadas do lado esquerdo da faixa de trânsito e não nas calçadas ou no lado direito das vias, onde tradicionalmente estão os pontos de ônibus? Por que a instalação dessas grandes estruturas em uma rua que já era estreita na região central?

Raimundo Gomes, de 65 anos, relembra que achou estranha a movimentação de um ônibus de transporte coletivo que passou para a pista do lado esquerdo da rua e depois retornou para a faixa da direita. “Realmente não consegui entender o que o motorista quis fazer”, relembra. 

Na Rui Barbosa, são cinco “pontões” e o corredor exclusivo de ônibus. “Fizeram isso [as obras] e não deram nenhuma explicação para saber o motivo. Para mim era um corredor, mas não vejo nem os ônibus de passageiros parando aí. Não acho que seja viável. Agora, se fosse um corredor exclusivo para ônibus, como existe em outras cidades para que as pessoas pudessem chegar mais rápido, eu concordava, mas essa parada não consegui entender”, expõe Raimundo, demonstrando a confusão sobre o funcionamento do corredor, que começou a operar nesta terça.

Prefeita admite reavaliar corredor da Rui Barbosa

Durante agenda pública na manhã desta quarta-feira (21), a prefeita Adriane Lopes (Patriota) afirmou que críticas de motoristas, comerciantes e passageiros sobre o funcionamento do corredor da Rui Barbosa, uma das vias mais estreitas do Centro da Capital, fazem parte do que é esperado no período de implantação.

“O mesmo questionamento foi feito na Rua Brilhante, onde otimizamos em até 8 minutos o tempo dos ônibus, muito do que ouvimos são especulações”, disparou a prefeita diante das reclamações dos usuários e motoristas, que enfrentam nó no trânsito causado, principalmente, pela localização dos ‘pontões’ ao longo das vias.

Em relação a uma reavaliação sobre a operação dos corredores, a prefeita afirmou que processos relacionados ao corredor da Rui Barbosa só podem ser mudados depois de uma avaliação técnica.

“Nossas equipes especialistas em trânsito estarão avaliando todos o percurso e a execução e se tiver oportunidade de melhorias, podemos fazer, mas até o momento não há nada divergente do que está posto”, disse Adriane.