Unidades do Exército Brasileiro instaladas em Mato Grosso do Sul gastaram, até agora, pelo menos R$ 3,4 milhões em verbas destinadas pelo para enfrentamento da de . Parte destes recursos foi usada para compra de alimentos, como farinha de mandioca e óleo de soja, e também para aquisição de peças e serviços automotivos.

Os números são do Portal da Transparência e reúnem as despesas com dinheiro federal para combate à emergência em saúde de 17 divisões das Forças Armadas situadas no Estado. As verbas utilizadas foram liberadas pelo governo federal a partir da edição de três medidas provisórias – 929, 985 e 1.015, todas de 2020 -, que, somadas, injetaram R$ 23,7 bilhões para ações de enfrentamento à pandemia.

A maior parte dos gastos não está detalhada na Transparência, mas algumas despesas mais recentes têm notas de empenho anexadas. É o caso de uma compra feita pelo 9º Grupamento Logístico, no último dia 4 de maio, no valor de R$ 23.760,00. O investimento foi para adquirir 33 baterias automotivas.

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Nota de empenho no Portal da Transparência mostra gastos de R$ 23,7 mil em verba da covid para comprar baterias – Reprodução

Localizado na Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, o 9º Grupamento Logístico ainda usou R$ 3.386,86 do dinheiro da covid-19 para adquirir seis pneus, no mesmo dia 4.

De Amambai – distante 350 quilômetros de Campo Grande -, o 17º Regimento de Cavalaria Mecanizado também aproveitou recursos da pandemia para equipar suas viaturas. Foram R$ 3.046,00 gastos em peças automotivas no último dia 28 de abril, e mais R$ 9.025,20 em serviços de manutenção em 12 de maio.

Antes disso, em 17 de março, o 9º Grupamento Logístico fez uma compra de R$ 7.192,01 em óleo de soja, exatas 889 unidades. Três semanas depois, no dia 8 de abril, a mesma unidade aplicou mais R$ 4.489,20 para garantir 860 pacotes de farinha de mandioca.

Todas estas aquisições foram feitas com recursos do Fundo Nacional de Saúde disponibilizados pela MP 1.015/2020, que liberou R$ 20 bilhões para financiar estratégias de enfrentamento à covid-19. O ato foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia Paulo Guedes em 17 de dezembro.

De acordo com o compilado de informações no Portal da Transparência, só o 9º Grupamento Logístico de Campo Grande operou R$ 857,3 mil em recursos da pandemia até agora. O 17º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Amambai movimentou R$ 189,2 mil.

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Militares no pátio do 17º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Amambai – Reprodução/Facebook

Outra divisão que concentrou despesas com dinheiro disponibilizado pelas MPs da covid-19 foi a 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira de Corumbá, com R$ 483,1 mil empenhados. Já o 9º Batalhão de Suprimentos de Campo Grande dispensou R$ 370,7 mil.

Em nota, o Exército respondeu que os recursos extraordinários liberados por meio das MPs foram destinados para compra de vacinas, bem como para “despesas com insumos, logística, comunicação social e publicitária e outras necessidades”, conforme exposição de motivos pelo Ministério da Economia.

Ainda segundo o comunicado, “o Exército emprega judiciosamente os recursos recebidos em aquisições diretamente relacionadas aos apoios prestados” no enfrentamento à emergência em Saúde. Entre estas está a “contratação de serviços e aquisição de material, combustíveis e lubrificantes para a manutenção de aeronaves e viaturas destinadas ao transporte de pessoal e material empregado na campanha de vacinação; e aquisição de gêneros alimentícios destinados ao pessoal empregado nas diversas atividades”.

O Exército Brasileiro completou que quaisquer indícios de irregularidades em processos de compra “serão investigados e serão tomadas as devidas medidas de responsabilização”.

O Ministério da Saúde também foi acionado e ainda não se posicionou.

Muita cloroquina, poucos leitos

A atuação das Forças Armadas no combate à covid-19 vem sendo alvo de questionamentos. No início, por reservar seu laboratório farmacêutico para concentrar a produção de hidroxicloroquina, medicamento que, até agora, não se provou eficaz no tratamento da doença.

Mais recentemente, os hospitais militares entraram na mira do TCU (Tribunal de Contas da União), que suspeitou de irregularidades na não disponibilização de leitos para pacientes civis. O país enfrentava colapso generalizado nas instituições de saúde devido ao recrudescimento da pandemia este ano.

O Exército tem se dedicado a frentes de desinfecção de ambientes e também no auxílio logístico para transporte e aplicação das vacinas.