A 2ª Câmara Criminal do (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) rejeito novo recurso apresentado pela defesa do filho do governador (PSDB), Rodrigo Souza e Silva, em sessão no final do mês de outubro. O processo corre em sigilo, mas a decisão foi publicada no Diário Oficial da Justiça do último dia 25.

Por unanimidade, os desembargadores decidiram que os embargos de declaração em recurso em sentido estrito eram ‘mera tentativa de rediscussão da matéria de mérito já analisado no acórdão'. A decisão também afirma que é impraticável a utilização dos embargos para a finalidade pretendida pela defesa, que é realizada pelo escritório do advogado Gustavo Passarelli. O relator foi o desembargador José Ale Ahmad Netto.

Em setembro, a Câmara aceitou por unanimidade recurso do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra a decisão que rejeitou denúncia criminal de roubo majorado contra Rodrigo na 4ª Vara Criminal de Campo Grande, onde atua a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna.

Rodrigo é acusado pelos três promotores do Patrimônio Público de Campo Grande, Adriano Lobo Viana de Resende, Marcos Alex Vera de Oliveira e Humberto Lapa Ferri por ser o mandante de um roubo de propina que deu errado e por ter supostamente encomendado uma execução.

Revelação constou em decisão do STJ

Filho do governador Reinaldo Azambuja, Rodrigo ficou preso por cinco dias após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) deflagrar a Operação Vostok. Na época, o aposentado Luiz Carlos Vareiro, 61 anos, afirmou que teria sido contratado por Rodrigo para roubar e executar o corretor de gado José Ricardo Gutti Gumari, o ‘Polaco'.

A revelação constou na decisão do ministro Felix Fisher. Segundo a decisão, “no bojo das investigações, verificou-se a possível arregimentação de eventual eliminação/morte de um dos atores da organização criminosa, o investigado José Ricardo Gutti Gumari, conhecido como “Polaco”, em decorrência da sua ausência de fidelidade a organização”.

Conforme o documento, Polaco estaria chantageando os envolvidos no esquema, sob ameaça de que faria uma delação premiada. Consta ainda que o Preso por suposto roubo de veículo na BR-262, Vareiro denunciou o plano, supostamente encabeçado pelo filho do governador.

Na época, o lavador de carros denunciou que roubou “propina” de R$ 270 mil paga por integrantes da administração estadual a Polaco. Articulador do roubo, Vareiro exigiu a presença do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para revelar como orquestrou o crime.

De acordo com denunciante, o filho de Reinaldo Azambuja teria lhe procurado para encomendar o roubo da propina destinada a Polaco, além da morte do corretor.

Propina da JBS

O empresário Joesley Batista, presidente da Holding J&F e ex-diretor da JBS, revelou em novo depoimento à Polícia Federal que o filho do governador assumiu a gerência da propina na Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul) logo no início da gestão tucana, em 2015. Rodrigo Silva é citado no depoimento de Joesley Batista ao inquérito 1190, que tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Em novos depoimentos aos quais o Jornal Midiamax teve acesso, Joesley revela que foi ele quem tratou com Reinaldo sobre os pagamentos de propina, bem como sobre o percentual de 30% que lhe seria pago. Rodrigo teria intermediado os pagamentos ao pai, parte em espécie, e a maior parte por meio de notas fiscais fraudulentas, fornecidas pelo próprio tucano à JBS.

Joesley declara que não recorda se chegou a realizar contatos via celular com Reinaldo após as eleições, mas que durante a campanha em 2014, eles teriam se falado por números de telefone tanto do tucano como do filho dele.

Para comprovar o fato, Joesley passou um número fixo e um celular de Rodrigo Silva à Polícia Federal. Essas linhas seriam usadas, segundo o delator, para realizar ‘tratativas em geral do interesse de Reinaldo'. O Jornal Midiamax confirmou que as duas linhas são usadas até hoje por Rodrigo, tanto o número fixo como a linha de celular de uso pessoal.

Pelo número de telefone fixo fornecido no depoimento, trata-se de uma linha do escritório de advocacia onde Rodrigo Souza e Silva trabalha. Ele e os sócios constam como procuradores municipais em diversas cidades de Mato Grosso do Sul, representando as localidades principalmente em defesas realizadas no (Tribunal de Contas Estadual de Mato Grosso do Sul).

Cidades como Água Clara e Nova Alvorada do Sul foram defendidas por Rodrigo Silva e os advogados do escritório em recursos que tramitaram em abril deste ano no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e no Tribunal de Contas em 2012, respectivamente.

Já no celular ainda em uso pelo filho do governador, a reportagem tentou contato, mas as ligações não foram atendidas ou foram desligadas. Pelo WhatsApp, as mensagens não foram respondidas. A reportagem apurou junto a um cadastro que precisa ser mantido atualizado que o número é o usado atualmente por Rodrigo.