O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), afirmou nesta quinta-feira (1º) que cabe ao Hospital do Câncer a gestão do recurso público que recebe. A afirmação é em resposta à possibilidade de terceirização de parte da radiologia da instituição de saúde.

Profissionais da saúde e empresários da área suspeitam que algumas medidas adotadas estariam ‘reeditando’ esquema flagrado em 2013, durante a Operação Sangue Frio. O Hospital do Câncer estaria para contratar a Radius, antiga Neo Rad, pivô do escândalo investigado há seis anos.

‘O Hospital do Câncer é uma entidade privada, que usa recursos públicos, então a gestão ali é do hospital’. Reinaldo afirmou, ainda, que o governo estadual transfere recursos estaduais todo mês para o custeio das UTIs (Unidade de Terapia Intensiva), além de verba para conclusão do prédio, mas reforçou, novamente, que a administração é da instituição de saúde.

A denúncia revelada nesta quinta-feira aponta que o objetivo das manobras para terceirização seria, de novo, usar o modelo para direcionar aos cofres particulares recursos públicos do Estado, encaminhados para custear tratamento oncológico, um dos serviços mais caros.

‘Herança’

Os principais envolvidos na prestação do tratamento radiológico confirmam que há mudanças em andamento. Com um equipamento doado pelo Ministério da Saúde, e capacidade para atender até 100 pacientes, o Hospital do Câncer Alfredo Abrão herdou todos os contratos de radioterapia do SUS regulados na região de Campo Grande.

Filantrópica, a unidade recebe atualmente R$ 1,1 milhão ao mês do Estado para manter o aparelho e atender 77 pacientes. Agora, admite que já está em estágio avançado o estudo para terceirizar parte do serviço.

A ‘herança’ dos tratamentos e da verba do SUS coincide com o final do contrato entre a Santa Casa de Campo Grande e a Clínica Radius, sucessora da NeoRad, clínica que foi pivô do escândalo em 2013, com diretora flagrada em vídeo até mandando funcionários tratarem pacientes com câncer com doses menores de medicamentos de altíssimo custo, supostamente para aumentar os lucros.

À época, a clínica foi vendida pelo antigo dono, o médico Adalberto Siufi, para um grupo de médicos mineiros que administra atualmente o local. No entanto, o grupo usa o mesmo CNPJ e razão social no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), do Ministério da Saúde. Apenas nas especificações que a razão social da empresa foi alterada. A data de registro do cadastro da empresa é de 2007.