A Justiça Federal de Mato Grosso do Sul negou o pedido de liberdade de Milton Motta Júnior, o ‘Boca’ da quadrilha de Gerson Palermo, narcotraficante preso em 2017 pela Polícia Federal durante a Operação All In. Este figura como o 14º pedido de revogação de prisão de Milton, detido em 28 de março de 2017. O despacho foi publicado nesta quinta-feira (23) no Diário da Justiça.

A defesa de Milton alegou que ele já teria cumprido mais de 1/6 da condenação, período suficiente para progressão de pena, e que ainda aguarda em prisão preventiva o julgamento do caso.

Para o MPF (Ministério Público Federal), ‘Boca’ ocupava lugar de destaque na organização, figurando no esquema de tráfico de drogas como membro de confiança de Palermo, organizando os encontros dos integrantes do grupo e transmitindo as orientações passadas pelo chefe, além de ter passagens por receptação e furto qualificado.

A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande negou o pedido de liberdade, alegando que não há qualquer relação ou compatibilidade entre a progressão de regime decorrente do cumprimento parcial da pena com a prisão cautelar.

Além disso, a Justiça elenca que o réu já havia formulado até então 13 pedidos de liberdade, sendo três em um dos autos, mais cinco na mesma ação penal sobre o caso. Outros quatro pedidos de habeas corpus foram impetrados no TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3º Região) e um habeas corpus e recurso em habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Operação All In

Palermo é conhecido por ter sequestrado um Boeing da Vasp em 2000, que estava com R$ 5 milhões no compartimento de cargas, e também por arquitetar a fuga considerada cinematográfica do seu genro, preso em Santos (SP).

Na ocasião, o narcotraficante planejou substituir o genro por um membro da quadrilha, que faria até mesmo as tatuagens do preso para assumir seu lugar na cadeia. Palermo pagaria R$ 100 mil, sendo R$ 70 mil para o substituto e R$ 30 mil para os policiais, para colocar o plano em prática. Mas foi descoberto pela Polícia Federal.

Ele foi preso em março de 2017 durante a Operação All In, da Polícia Federal, apontado como responsável pelo tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. 150 policiais participaram da operação.

Foram cumpridos 50 mandados em seis estados brasileiros, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Goiás. Foram 28 mandados de prisão cautelar, 25 mandados de busca e apreensão, e sete mandados de condução coercitiva.

68 contas correntes foram bloqueadas e mais de 35 veículos apreendidos. De acordo com informações da Polícia Federal o patrimônio da quadrilha era de R$ 7 milhões e 500 mil. Durante as investigações três integrantes foram presos transportando mais de 800 quilos de cocaína vinda da Bolívia.